As Aventuras de Nando & Pezão

"Rock na Veia"

Último Capítulo – 3... 2... 1... Vai!!!

— Vocês topam ou não?

— Foda-se, eu topo! — disse Pezão.

— Tô dentro! — respondi.

O sorriso da loira foi tão sexy que senti uma vontade louca de partir pra cima dela agora mesmo. Mas me segurei.

Grilo parou a kombi bem ao lado do corsa do Pezão. A loira colocou o dedo indicador erguido diante dos lábios e fez um "shhhhhhhhhhh".

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Meu, não estou acreditando! Vou comer a loira depois do show! Bom, eu e o Pezão vamos comer a loira, melhor dizendo. Ah, mas foda-se! Deve ser a mesma coisa que repartir um sanduíche, não é? Porra, na verdade deve ser melhor do que repartir um sanduíche, pois quando se reparte alguma coisa você fica com a metade, e numa transa a três você não fica com a metade da mulher ... você come ou espera sua vez ou ... Ah, vocês sabem muito bem como é, todo mundo já assistiu filme pornô alguma(s) vez(es) na vida.

Caraca, pensando bem, vai ser muito tosco olhar para o Pezão pelado, acho que isso corta qualquer tesão do mundo. Putz!!! E agora? Será que eu consigo transar com a loira sem olhar a bunda branca do Pezão? Tomara que sim, pois eu acho que esta visão vai me deixar cego por uns cem anos. Pior, e se meu pau acabar encostando nele? Puuuuuuuuuuuuta merda!!! Sai fora!!! Pior ainda, e se ... Nãooooooooooooooo!!!

Caralho, acho que um ménage à trois não será uma boa idéia. Há muitos riscos. Meu sonho sempre foi fazer isso com duas mulheres. Aí sim, deve ser maravilhoso!!!

— Nando!!! Nando!!! Acorda, porra!!! — Grilo gritando meu nome.

— Hã? O que foi?

— Acorda, caralho! Está dormindo? Precisamos levar os instrumentos para o palco. Vamos! Só porque é o vocalista você acha que não vai ajudar, porra!

Mostrei aquele famoso dedo para o Grilo.

Quando eu carregava um dos pratos da bateria para o palco senti alguém passando a mão na minha bunda, era a loira. Ela está com muito fogo na bacurinha. Olhei pra ela e recebi um sorrisão bem gostoso. Sorri de volta e continuei meu caminho.

— Vocês não vão se arrepender. — disse ela, bem baixinho, e dando uma piscada marota ao terminar a frase.

— Aposto que não. — respondi.

E foi assim o tempo todo. Enquanto montávamos os equipamentos no palco ela ficava nos provocando, quando o irmão não estava por perto, é claro. Num determinado momento ela pegou uma das baquetas e a chupou inteirinha, passando a língua de forma bem provocante. Puta merda, fiquei de pau duro só de ver. Meu, a loira quer fazer a gente gozar na cueca antes da hora? Vai com calma, Aneri! 

Uau, o bicho vai pegar depois do show. Não concordam? A cuecada do inferno deve estar roendo as unhas de inveja... hehehe. Um dia vocês chegam lá, tenham calma.

Instrumentos ligados. Técnico de som ajustando os detalhes. Pés-vermeios chegando. Barraquinhas vendendo suas primeiras fichas de cerveja e caipirinha. O negócio está começando a esquentar. Aneri continua nos provocando. Só falta uma coisa! Sim, eu ainda estou sóbrio!!! Putz, eu já estava esquecendo deste detalhe.

Pezão trouxe algumas garrafas da sua batida. As garrafas estão no carro.

— Pezão, empresta as chaves.

— Você não vai a lugar algum com o meu carro, porra! Nem vem que não...

— Não é isso, seu bosta! Eu preciso tomar umas, esqueceu?

— Ah, é. Certo.

Pezão meteu a mão no bolso e me entregou as chaves. Quando eu me afastei um pouco ouvi:

— E aí, o que você achou?

Parei e olhei para Pezão, ele estava com aquela cara de filho da puta dos velhos tempos.

— Do ménage à trois? — perguntei, já sabendo a resposta.

— Claro, porra!!!

— Cara, vai ser muito foda.

— Vai mesmo. Porra, a gente nunca fez isso .... quero dizer, juntos.

— É verdade, vai ser estranho pra caralho.

— Realmente, estranho pra caralho.

Silêncio constrangedor. Até que...

— Ah, só mais uma coisinha. — disse Pezão. — Teremos de fazer isso no escuro.

— Porra, a idéia até que não é ruim, porque eu não quero ver sua bunda branca perto de mim não e .... — caiu a ficha. — Isso tem alguma coisa a ver com a macumba da menina? — Comecei a rir feito uma hiena com câncer no ânus. — O que ela fez com o seu pau?

Pezão ficou azul de raiva.

— Não é da sua conta, porra!!!

— Eu sei que não é, mas deve ter sido algo bem engraçado, conta aí!

Pezão estava prestes a me dar um soco. Mas Bruno surgiu do nada, dizendo:

— Faltam exatamente noventa minutos para subirmos no palco, Nando! A gente ainda nem passou o som! E você continua sóbrio?

— Fica frio, já vou encher a cara, fica frio.

E foi exatamente o que eu fiz.

Pezão preparou 3 garrafas de refrigerante cheias com a sua famosa batida. Eu ainda não sei que diabos tem nesta merda, eu só sei que realmente é boa e faz você ficar muito louco bem rapidinho. Justamente o que eu preciso, não é? Então foda-se. A banda precisa de mim e eu preciso de álcool, então vamos nessa!

Meu, o lugar está ficando cheio de gente, nunca vi tanta pé-vermeio assim na minha vida, tem de todos tipos e pra todos os gostos, tem banguela orelhuda, tem vesga de cabelo desbotado, tem nariguda com as pernas tortas, e até que tem algumas comíveis. Eu só sei que o bagulho está lotando. It's now or never, baby! Não se assustem, quando eu começo a ficar bêbado eu tenho a mania de falar algumas coisas em inglês. Não é sempre, mas acontece. Não me perguntem o motivo, não tenho a menor idéia. Bom, até que não é um hábito assim tão desprezível, certo? Tem gente que fica bêbado, bota o pau pra fora da calça e sai chacoalhando, né? That's right, mother fuker!!! Suck my balls!

A banda já passou o som. Já testei o microfone. Aneri já está excitadíssima com as baquetas nas mãos. O curral está cheio. Agora não tem mais volta. Ou dá ou desce.

Estou bêbado feito um pudim de cachaça, melhor dizendo, I'm ready to rock your world, baby!!!!

Estou emocionado, o próprio Zé Bedeu veio nos desejar sorte. Bom, eu acho que é ele, sei lá! Um gordo feio pra caralho, com um palito gigantesco entre os dentes. Aproximou-se de nós, colocou as mãos no meu ombro e no ombro da Aneri, e disse:

— Olha, estou botando fé em vocês, hein! — Seu bafo está pior que o meu. — Tudo bem que eu queria mesmo a outra banda, mas já que eles não puderam tocar, foda-se, vamos ver no que vai dar.

— Não se preocupe. — disse Aneri, com uma voz calma e serena. — O caldo vai ferver, pode apostar. Vamos detonar.

O gordo olhou com cara de tarado pra Aneri. O bafo foi tão grande que Aneri fez uma careta terrível.

— É bom mesmo, mocinha. — disse o gordo. — Caso contrário a casa vai cair pra vocês. Não deixo vocês tocarem em nenhum outro lugar aqui da região. Compreendido?

— Sim, senhor. — respondemos, juntos.

O maldito gordo largou nossos ombros e subiu no palco. Sua bunda conseguia ser maior que a bunda do Mamute. Putz grila! O gordo catou o microfone e fez sinal para o cara do som abaixar o volume da música. Ele vai nos apresentar, eu acho.

— Hoje é uma noite muito especial para a banda que vai tocar para vocês, pessoal.

Uma gritaria ensurdecedora. Fiquei até arrepiado. Tem muita gente na bagaça!

O gordo prosseguiu:

— Hoje será a primeira, ou talvez a última ... apresentação destes garotos.

O maldito gordo começou a rir. Novamente uma gritaria louca. Tem muita pexeca!!! Deu pra ouvir muitos gritos femininos. Tem pé-vermeio saindo pelo ladrão. Isso é bom, se a Aneri desistir do ménage à trois eu vou partir pra cima das pés-vermeios comíveis.

— Filho de uma puta dos infernos! — resmunguei baixinho, Aneri começou a rir.

— Deixa ele falar, vamos calar a boca deste gordo tarado com rock'n roll.

O gordo voltou a falar:

— Eu tenho a honra de apresentar pra vocês ... — subimos no palco feito loucos. — ... Os Redi Fót Unters!!!

Putz!!! Já começamos com o pé esquerdo, o gordo ignorante não sabe falar inglês e pronunciou o nome da banda de uma forma super tosca. É Red-Foot Hunters, sua baleia burra dos infernos!!!!!!!!

Subimos ao palco e fomos aplaudidos. Bom, isso porque eles não ouviram a gente tocar ainda, certo? Hehehe.... Eles iriam aplaudir até o Osama Bin Laden vestido de Bozo.

Todos prontos, instrumentos em mãos. Aneri sentadinha atrás da bateria, linda como o nascer do sol numa manhã de verão. Meu, vou comer esta loira com gosto, não quero nem saber.

Peguei o microfone e confesso que fiquei com um certo cagaço. Tremi dos pés a cabeça. Olhei para aquele monte de gente me encarando e senti um calafrio como eu jamais sentira antes. Estou bêbado, mas não estou morto, né? Ainda sou um ser humano com emoções. Tudo bem que a pinga me deixa bem solto, mas uma parte de mim continua racional, eu sei que posso pagar o maior mico da minha vida diante desta multidão de pés-vermeios do inferno.

Foda-se! Let's go!!!

Apertei o microfone com força e gritei bem alto:

— Are you ready to rock'n roll ???

Silêncio. Não absoluto, mas silêncio.

Porra, será que só eu ouvi? Vou repetir:

— Are you ready to rock'n roll ???

Nada. Vi um monte de pés-vermeios olhando umas para as outras, meio perdidas.

Aneri saiu de trás da bateria e sussurrou no meu ouvido:

— Nando, acorda!!! Olha bem para a cara deste pessoal, você acha que alguém aí entende inglês??? FALA EM PORTUGUÊS, CARALHO!!!

A loira gritou tão alto no meu ouvido que eu aposto que muita gente na platéia também ouviu. Ah, foda-se. Esperei Aneri voltar para a bateria, olhei nossa seqüência de músicas no chão outra vez e mandei ver, agora em português, é claro:

— Vocês estão prontos para uma noite de muito rock'n roll ???

Agora sim!!! Foi emocionante pra caralho ouvir aquele monte de gente gritando: Simmmmmmmmmmmm!!!!

Prossegui:

— Vamos lá, galera, estamos aqui com um único objetivo, fazer a casa tremer!!! Beleja? Ah, só mais uma coisa, o nome da banda é Red-Foot Hunters.

Virei para trás e recebi o "Ok" dos três. Vi Pezão lá no fundo do palco, perto da loira. Bom, tudo pronto. É agora!!! Santa Pixirica, nunca senti tanto pavor em toda a minha vida. Foda-se, saiu na chuva é pra se molhar.

3 ... 2 ... 1 ... Vai!!!

Já começamos detonando, Raimundos, com a música Mulher de Fases. Caraca, a galera pirou! Bem que a Aneri me alertara, depois da primeira música tudo fica melhor. A adrenalina baixa um pouco e tudo começa a fluir com mais naturalidade. Eu estou adorando isso aqui! Será que eu nasci mesmo pra ser um Rock Star? Que maneiro, hein!

Tudo estava indo muito bem, até que comecei a quarta música e pintou um quebra-pau no meio do curral. Vi cadeiras e mais cadeiras voarem. A galera se esparramou geral. Paramos de tocar, enquanto isso os seguranças corriam pra lá e pra cá. Foi o maior barraco.

Quando tudo se acalmou novamente nós recomeçamos nossa apresentação, com uma das minhas músicas favoritas do Rappa, A Minha Alma. Porra, a galera gostou pra caralho. A nossa banda não é lá estas coisas, eu admito, mas a Aneri na bateria deu gás novo, a loira toca pra caralho. Ainda bem que ela está lá atrás, porque a cuecada ia ficar secando se ela estivesse aqui na frente junto comigo.

Não sei se vou conseguir terminar isso aqui inteiro, já faz mais de uma hora e meia que estou cantando, não estou acostumado com isso. Nossos ensaios jamais ultrapassavam uma hora de duração. Opa! Estou vendo o gordo filho da puta subindo ao palco, acho que ele vai pedir pra encerrarmos a nossa apresentação. Tomara!

Terminei de cantar e ele me chamou num canto. Na platéia ninguém saiu do lugar. Meu, acho que realmente estão curtindo nosso show!

— Parece que o pessoal gostou de vocês. — disse ele, com um bafo ainda mais terrível.

— Acho que sim.

— O outro ambiente não foi muito bem hoje, e reparei que vieram todos pra cá.

— Eu percebi que aumentou o número de pessoas de repente.

— Contratei uma bandinha de pagode muito fuleira, eles não agradaram.

— Sei.

Eu tenho minha teoria a respeito de bandas de pagode, mas resolvi não compartilhá-la com o gordo. Acho que seria perda de tempo. Grupo de pagode é tudo igual, tudo a mesma merda.

— Mas a galera do pagode consome bastante. — prosseguiu o gordo. — Então eu quero que eles fiquem por aqui. Cantem mais algumas músicas. Eu pago cinqüentinha além do combinado.

— Não sei se consigo, estou ficando sem voz.

— Consegue sim.

O gordo me deu um tapinha no ombro direito e me deixou falando sozinho.

Ah, foda-se. Estou bêbado mesmo, e a galera está curtindo pra caralho, vamos nessa!

Voltei para o palco e expliquei a situação para Aneri, Bruno e Grilo. Todos toparam.

Tocamos algumas músicas do Legião Urbana, algumas dos Paralamas e encerramos a bagaça com a música Cabrobró, do Tianastacia. 

"Se o cara nasce mané, cresce mané, morre mané manéeeeeeeeeeeeee!!!"

Curto pra caralho esta música. Se vocês não a conhecem precisam conhecê-la.

Meu, a galera curtiu pra caralho o nosso show. Se eu não fosse comer a Aneri eu acho que ia pegar umas pés-vermeios bem gostosinhas. Logo na boca do palco havia duas amiguinhas bem gostosas, uma morena e uma loirinha. Com a fome que estou eu pegaria as duas, sem dúvida. Isso sim seria uma ménage à trois gostoso. O foda é que a Aneri é muito mais gostosa e mais linda que as duas amiguinhas juntas. E tem outra, não sou besta de deixar o Pezão comê-la sozinho, não é? De jeito algum. Na na ni na não.

Acabou. Minha voz quase não sai mais. Chegou a hora de mandar o povo embora:

— Bom, galera, eu espero que vocês tenham curtido o nosso show. Só sei que eu curti pra caraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaalho!!!!

Putz, a galera pirou quando eu falei isso. Bom, acho que pirou, estou bêbado.

Recebemos alguns aplausos, alguns gritinhos das pés-vermeios e a galera finalmente começou a ir embora. De repente Pezão apareceu do nada e arrancou o microfone da minha mão. O que será que ele quer?

— Uhuuuuuuuuuuuu!!! — gritou Pezão. — Isso aí, galeraaaaaaaaaaa!!!!

Notei que algumas pessoas se assustaram com os gritos do Pezão ecoando através do sistema de som.

— O que você está fazendo, cara? — gritei com ele, tentando retirar o microfone de sua mão.

— Você esqueceu de dar o telefone para contato, porra!

Bom, até que ele tem razão. Pezão prosseguiu. Muitos ficaram para ouvi-lo.

— Obrigado pela atenção de vocês, galera. Eu queria deixar o telefone para contato. Se alguém se interessou em nos contratar para alguma festa ou velório, sei lá.

Pezão passou o próprio celular, até aí tudo bem, o problema foi quando ele...

— É isso aí, galera!!! Rock na veia!!! FODA-SE PAGODE!!! FODAM-SE OS PAGODEIROS DO CARALHO!!! PAGODEIRO É TUDO UM BANDO DE VEADO FILHO DE UMA PUTA!!!

Não!!! Olhei imediatamente para a platéia e notei um povinho furioso. Tirei o microfone das mãos do Pezão e o joguei longe.

— Você ficou louco, porra???? — gritei para o filho da puta.

— O que foi? Só falei a verdade!

— Está cheio de pagodeiro aqui nesta bosta, Pezão!!! Você ficou louco???

Os olhos do filho da puta arregalaram-se de uma forma que até eu fiquei impressionado.

— Agora é tarde, CORRE!!!! — gritou ele, correndo pelo palco.

Quando olhei para o outro lado do palco notei porque ele falou isso pra mim. Galera, eu contei uns trinta caras vindo na nossa direção, todos furiosos. Alguns carregavam até cadeiras. Cadê os seguranças??? Porra, pra falar a verdade eu acho que tem até segurança infiltrado no meio dos caras. Estamos fodidos!!!

— Quem é veado??? — gritou um dos caras. — Quero ver você me chamar de pagodeiro do caralho na minha frente, seu bicha!!!

Puta merda!!! Olha o tamanho do cara!!! Sai correndo também.

Na verdade todos já haviam sumido do palco, só estava eu ali. Aneri, Bruno e Grilo já estavam longe. Pezão, mais longe ainda.

Desci do palco e Pezão parou o Corsa para eu entrar. Ufa, finalmente Pezão fez algo que prestasse em toda a sua vida. Entrei feito um ninja. Grilo e Bruno também estavam dentro do carro.

— Acelera, porra!!! — gritei.

Pezão pisou fundo no acelerador e saímos comendo poeira.

— Meu Deus, olha o portão!!! — gritou Aneri, apavorada.

Quando estiquei o pescoço acima do banco entendi o apavoramento da loira. Meu, tem uma multidão enfurecida esperando por nós! E agora? Fodeu!!!

Pezão parou o carro. Imediatamente olhei para trás e vi outra multidão vindo em nossa direção.

— Não pára, caralho!!! Acelera! Acelera! Olha o tamanho dos caras que estão vindo aqui atrás.

Pezão deu uma olhada rápida no espelho retrovisor e coçou a cabeça, apavorado.

— Caralho!!! Só tem pagodeiro nesta porra???

Pezão deu a partida no carro novamente, dizendo:

— Segurem-se.

— O que você vai fazer? — perguntou Aneri, com uma voz trêmula.

— Foda-se, vou passar por cima.

Antes que eu falasse qualquer coisa Pezão saiu fincando. O corsinha saiu que parecia um foguete. 

— Ai meu Deus!!! — gritou Grilo. — Não quero nem ver!!!

Apesar de estar bem cheio, o corsa pegou uma boa velocidade. Pezão acelerou tudo o que conseguiu, partindo pra cima da multidão. Eu queria fechar os olhos, mas a curiosidade falou mais alto.

— Puta que o pariu!!! — gritei. — Vai voar pagodeiro pra tudo que é lado!!!

Mas não voou, felizmente.

Quando a galera sentiu que Pezão não ia parar todos saíram da frente. Passamos direto pelo portão, numa velocidade que eu não quero nem pensar. Aneri ficou o tempo todo com as mãos sobre o rosto.

— Passou, gata. — disse Pezão. — Estamos salvos.

Aneri tirou as mãos do rosto lentamente. Ao terminar deu um grito histérico, assustando a todos nós:

— Você é louco! Poderia ter causado um acidente terrível! Poderia ter assassinado um monte de gente!

Pezão, filho da puta como sempre, respondeu:

— Você disse bem, "poderia" ... mas não matei.

Aneri deu-lhe um baita soco no ombro.

— Besta!

De repente notei um farol bem alto atrás da gente. Bruno, Grilo e eu olhamos para trás e vimos dois carros vindo a toda velocidade.

— Acelera, Pezão!!! — gritamos.

Pezão nem olhou o espelho retrovisor, pisou no acelerador imediatamente.

— Eu não quero morrer!!!! — gritou Bruno, de um jeito meio .... gay. 

Xiiiiiiiiiiiiii, Marquinho!!! Será que ele é? Bom, eu já desconfiava.

Só pra ajudar ... entramos naquela maldita estrada esburacada. Agora é que estamos perdidos mesmo, o carro não vai agüentar. E o pessoal vem babando aqui na nossa traseira!!! Acho melhor eu me despedir de vocês, galera, porque eu acho que não vou sair vivo dessa. Oh, vida cruel. Eu sabia que o Pezão ia acabar nos matando qualquer dia desses. E o dia chegou. De hoje eu não passo, com certeza. Tomara que haja sexo após a morte.

— Eles estão chegando!!! — gritou o Grilo. — Pisa fundo, Pezão!!!

— Porra, isso aqui não foi feito pra carregar uma multidão dessas!!! Além do mais olha a situação desta estrada!!! Não vamos conseguir resistir por muito tempo. Quais os carros dos caras?

Grilo deu mais uma olhada para trás e respondeu:

— Acho que um Golzinho e uma S-10, é o que parece.

— Estamos fodidos. A S-10 vai nos alcançar rapidinho.

E foi exatamente o que aconteceu.

Grilo acertou na mosca. Uma S-10 vermelha nos alcançou e ficou lado a lado conosco. O motorista abaixou o vidro e começou a gritar:

— Pode parar agora mesmo! Encosta aí! Encosta esta porra!

Pezão não deu atenção, continuou acelerando o máximo que conseguiu. Mas era inútil, o corsinha não tinha a menor condição de competir com os caras.

— Acho melhor parar, Pezão. — disse grilo.

— Ficou louco?

De repente sentimos o primeiro tranco. Os caras estão tentando nos jogar para fora da estrada. Todos entramos em pânico.

— Pára, Pezão!!! — gritou Aneri. — Pára o carro!!!

Antes que Pezão respondesse ou tivesse tempo de pisar no freio sentimos o segundo tranco, bem mais forte que o primeiro. Fomos jogados para fora da estrada, indo parar numa ribanceira. Eu parei de contar quando o carro capotou pela quarta vez. Perdi a consciência.

Horas mais tarde eu acordei com o corpo todo dolorido. Havia manchas de sangue por todo o meu corpo, mas aparentemente eu não estava ferido gravemente. Só alguns arranhões. 

Silêncio. O carro está de cabeça para baixo.

Caralho, será que todos morreram? Comecei a chacoalhar o pessoal.

— Grilo! Bruno! Vocês estão bem?

Pouco a pouco a galera começou a recobrar os sentidos. Ufa.

— Caralho, alguém anotou a placa do caminhão? — disse Grilo.

— Puta merda, onde estamos? — disse Pezão.

Logo senti falta da loira.

— Cadê a Aneri?

— Caralho, ela não está aqui! — gritou Pezão.

Bruno ficou desesperado, dando sinal de vida.

— Mana, cadê você? — sua voz ficou ainda mais gay. Mas a situação está feia, não estou em condições de tirar sarro do cara.

A porta do lado do passageiro está aberta. Caraca! Será que ela saiu voando do carro quando capotamos? Puta merda!

Pezão abriu empurrou a porta do seu lado e saiu. Logo em seguida nós saímos também. Grilo era o mais ferido, sofrera um corte bem tosco no meio da testa. Os demais sofreram apenas arranhões e cortes leves. Ainda não será desta vez que vamos conhecer o diabo. Mas passamos bem perto.

E a loira?????? Onde ela foi parar? Será que o encontro dela com o capeta não foi cancelado como o nosso? Aneri tem carinha de anjo, mas é só cara. Aquela lá vai queimar no fogo dos infernos também, não tenho dúvida. Se aqui ela já tinha fogo na bacurinha, imagine no inferno então... sai de baixo!!!

Bruno entrou em pânico, começou a gritar de forma histérica:

— Mana!!! Mana!!! Onde está você???

Olhei para o carro e fiquei bem espantado com a cena. O corsinha virou uma sucata só. Está parado de ponta-cabeça, próximo de um lago ou um pequeno riacho, sei lá. Só sei que deu PT, perda total. Mas o que importa agora é a Aneri.

A vida é injusta mesmo. Uma loira linda daquelas resolve dar pra mim e morre. Assim não vale. Joguei merda no demônio.

Bruno entrou em desespero total, chorando feito uma menininha.

— Cala a boca, porra! — gritou Pezão para o Bruno.

— Caralho, meu! — gritei com Pezão. — Sacanagem, o cara perdeu a irmã, deixa ele chorar!

— Não é isso, eu pedi pra ele calar a boca porque eu acho que ouvi alguma coisa.

Acho que Bruno também ouviu, pois parou de chorar e ....

— Sim, é ela!!! — gritou ele, limpando as lágrimas do rosto.

Pezão olhou pra mim, com aquela cara de cuzão de sempre.

— Não falei?

Quando fizemos silêncio ouvimos alguns gritos de socorro. Sim, é ela. A loira está viva! Mas em perigo.

Os gritos estão vindo do meio do mato.

— Vamos! — eu disse.

— Vai você! — disse Grilo. — Eu não entro ali nem a pau.

Bruno, Pezão e eu entramos no matagal. Os gritos continuavam:

— Não se preocupe, estamos aqui! — gritei.

— Onde você está? — gritou Bruno.

Ela nos ouviu, e começou a chorar. Depois gritou:

— Tomem cuidado! 

— Cuidado? — gritou Pezão. — Cuidado com o quê? Tem algum buraco por aqui?

— Não! 

— O que é então? — perguntei.

— Tomem cuidado com o ....... Macaco Virgem!!!

Nós três ficamos congelados ao ouvir isso.

Não que eu acredite, pois não acredito. Não que eu tenha medo, pois não tenho. Mesmo assim eu senti um certo frio na barriga. Confesso, deu cagaço.

De repente Aneri começou a gritar desesperadamente.

— Socorro!!! Socorro!!! Ele está aqui!!! Ele está aqui!!!

— O Macaco Virgem? — gritou Pezão, meio que rindo.

Bruno ficou puto com Pezão.

— Seu filho da puta, minha irmã em perigo e você fica aí rindo? Seu porra!

Enquanto isso Aneri continuava gritando feito uma louca.

— Ah, ela deve estar zoando com a nossa cara. — disse Pezão.

Mas não era bem isso que parecia. Aneri estava gritando de forma bem real.

— Tirem este bicho de cima de mim!!! Por favor!!! Me ajudem!!!

Caralho, e se for algum estuprador? Deve ser algum tarado! Porra, não é justo! É a minha vez! Eu que ia comer a loira hoje! Sai daí, tarado dos infernos!!!

Bruno e eu corremos na direção dos gritos.

— Você não vem? — gritei para o Pezão.

— Não, ela está zoando com a gente. Aposto que está.

Zoando ou não, eu comecei a ficar excitado. Sim, excitado, a loira está gemendo gostoso. Ou ela está sendo estuprada ou está tocando siririca no meio do mato!

— Mana, cadê você? — gritava Bruno, desesperadamente.

E a loira gemendo... e a loira gemendo... Só falta ela começar a gritar: "Mais! Mais! Vai, vai! Mete, mete!".

Caralho, o que está acontecendo? Será que o tal de Macaco Virgem existe mesmo?

De repente os gemidos pararam. Silêncio total. Bateu outro cagaço.

— Puuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuta merda!!!! — gritei.

— O que foi aquilo???? — gritou Bruno. — Você viu?

— Vi! Caralho!

Galera, alguma coisa passou diante de nós! Um vulto muito cabuloso. E o pior de tudo... parecia um ... MACACO. Mas não consegui ver exatamente o que foi.

— Bruno, me ajuda! — era a loira. Sua voz estava bem cansada.

Seguimos a voz e encontramos Aneri. Estava escuro, mas pude vê-la subindo a calcinha.

— Você está bem, mana? — disse Bruno, abraçando a irmã.

— Não sei, estou meio confusa.

— O que lhe aconteceu? — perguntei.

— Não sei direito, acabei de ter a experiência mais estranha da minha vida.

Porra, só falta ela dizer que trepou com o macaco e foi gostoso.

— Acabei de fazer o melhor sexo da minha vida.

Puuuuuuuuuuuuuuuuuuuta merda!!! Não acredito nisso. Ninguém merece.

— E eu guardei uma lembrancinha dele.

— Lembrancinha??? — perguntei, indignado.

— Sim, eu arranquei isso do pescoço peludo dele.

Aneri jogou a tal lembrancinha para Bruno.

— Porra, isso aqui é um coleira! — disse ele, com um certo nojo do objeto.

Alguém me belisque, eu não estou acreditando no que está acontecendo aqui. Isso só pode ser um pesadelo.

— Tem um nome escrito nela!

— Nome? — perguntou Aneri, toda animadinha. — Fala pra mim, eu quero saber!

Bruno encheu a boca e respondeu:

— Wilbor.

Puta merda.

( FIM )