As Aventuras de Nando & Pezão

"Rock na Veia"

Capítulo 10 – A Ótima Notícia

— A Aneri já está aí? Opa, isso é o que eu chamo de motivação. Estou indo agora mesmo! Fui!

Joguei o telefone longe e saí correndo pra casa do Pezão. A loira de saia fica uma delícia, aquelas pernas grossas e bronzeadas são uma loucuuuuuuuuuuuuuura.

Mas qual será a ótima notícia que o Pezão tanto quer contar? Ah, sei lá, a loira de saia já é uma ótima notícia... hehehe... pra mim já está bom demais. FUI.

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Abri a porta do quarto e dei de cara alguém que eu não via há alguns dias... meu pai. Sim, galera, eu tenho pai. Ele participa pouco da minha vida, pois está sempre viajando. Não vou explicar qual a função dele porque é um bagulho tedioso e, pra falar a verdade, eu nem sei direito o que é.

— Que pressa é esta, filho? Vai me tirar de alguma forca?

— Estou atrasado para o ensaio da banda.

— Ah, é, a banda. Sua mãe me contou.

Meu pai é bem diferente de mim. Fala mansa, tranqüila, parece um monge.

— Já sei o que o senhor está pensando. Mas pode ficar sossegado. A banda é só um passatempo.

— Sim, eu ia justamente entrar neste detalhe. Não quero que você abandone os estudos por causa de uma coisa que a gente nem sabe onde vai dar.

— Não vai dar em nada não. Nossa banda é a pior banda de todos os tempos. O máximo que pode acontecer é sairmos na próxima edição do Guiness.

— Nossa, mas vocês são tão ruins assim?

— Pior.

— E por quê toda esta pressa para o ensaio então? Não entendi.

— Mulher, pai. Mulher!

Meu pai deu um sorriso sarcástico.

— Este é o meu filho. Falando nisso, você tem usado camisinha, certo?

— Infelizmente não.

Meu pai esbugalhou os olhos, parecia estar frente a frente com o satanás.

— Como é que é??? Repete isso! Você está louco?

— Calma, pai. Eu disse que não estou usando camisinha porque a maré está fraca. Não estou pegando nem catapora.

— Poxa, que susto.

— Fica frio, pai. Eu sempre uso camisinha.

— E é para usar mesmo. Mas diz um negócio pra mim, você não está gostando de ninguém? Não tem ninguém em vista? Cadê aquele Nando que eu conhecia? Nunca vi você sem um rabo de saia, filho. E a Ruthinha? O que houve?

— A Ruthinha já era faz tempo, pai. Mas o senhor tem razão, não sei o que está acontecendo. Eu até tenho alguém em vista, ela é linda, uma loira maravilhosa....

— Mas... ???

— Mas a desgraçada estava mais a fim do Jaime do que de mim, acredita?

— Qual Jaime? O seu primo? O ... baitola?

Puuuuuuuuuuuuuuuuta merda!!! Ouvir o meu pai dizer "baitola" foi demais! Hahaha... eu não resisti, eu caí na gargalhada feito uma hiena com trombose.

O velho é gente boa, mas quando começa com estes papos furados ele vai longe.

— Pai, o papo está bom, mas eu preciso ir.

— Vai lá, Nando. Só um conselho, não fica babando pela loira, mulher não gosta disso. Ela estava a fim do seu primo porque ele era um desafio pra ela, pense nisso. Dê uma esnobada de leve, vai ver como ela virá correndo para os seus braços.

— Beleja, pai. Mas funciona mesmo?

— Funcionou com a sua mãe.

Se meu pai soubesse quem estava atrás dele não teria nem pensado em dizer isso.

— Como é que é? — disse minha mãe.

Meu pai tomou um susto tão grande. O coitado ficou até branco. Aproveitei a oportunidade para dar no pé. Em briga de marido e mulher não sou eu que vou meter a colher.

Eu já estava saindo pelo portão com a minha bicicleta, quando meu pai apareceu novamente. Putz!!! 

— A loira vai estar lá no seu ensaio?

— Vai sim, pai.

Meu pai botou a mão no bolso e tirou as chaves do seu carro. Ele tem um Golf azul, lindão. Ele ofereceu as chaves pra mim... não acredito!!!!!!!

— Pega. Você não vai impressionar a moça chegando de bicicleta, não é?

— Com certeza, pai! 

Eu raramente fiz isso em toda a minha vida, mas achei o momento bem adequado, abracei meu pai. O que será que deu no velho? Meu pai sempre foi legal comigo, mas emprestar o carro assim ... de boa ... sem eu precisar ficar horas e horas implorando??? Isso é novo. Será que ele comeu cocô?

Após o abraço ele pegou a bicicleta das minhas mãos.

— Deixa que eu guardo. Agora vai. Mas pelo amor de Deus, muito cuidado.

— Pode ficar sossegado, pai.

Uhuuuuuuuuuuuuu. Tirei o carro da garagem e saí fincando para o ensaio. Putz, o Pezão deve estar furioso. Enquanto eu conversava com o meu pai eu notei o celular vibrar umas 12 vezes.

Entrei no quarto e fiquei impressionado com a quantidade de olhos me observando. Além dos integrantes da banda havia mais 4 pessoas. O pirralho e sua namorada morta-viva, a Aneri e a Maura, irmã do Pezão. Putz, fazia tanto tempo que eu não via a Maura, ela está gostosa!!! Fiu fiu!!! O mais engraçado de tudo é que ela e a Aneri estão vestidas de forma bem parecida. A Aneri está com uma saia verde-limão incrivelmente curta e uma blusinha preta da Nike. A Maura também está com uma saia maravilhosamente curta, mas amarela, e uma blusinha preta também. Não, não vou resistir, eu preciso tirar sarro disso.

— Quando é que começa o rodeio? — eu disse, olhando para as duas.

— Que rodeio? — disse a Aneri, sorrindo.

— Onde tem show das Irmãs Galvão tem rodeio!!! Hahahaha.....

Humor sempre funciona com a "muguerada". As duas racharam o bico de tanto rir. Ponto pra mim!!! Estou gostando do dia de hoje, até aqui está dando tudo certo.

— Vai tomar no seu cu, Nando!!! — Pezão puto da vida. Pronto, meu dia já começou a ir pro saco. — Por quê demorou tanto?

— Encontrei meu pai.

— Seu pai? Está vivo ainda?

— Bem vivo. E acho que está meio doido também.

— Por quê?

— Emprestou o carro na moral, nem precisei implorar.

— Sinistro. Bom, chega de papo, está na hora de você começar a encher a cara.

Enquanto Pezão foi buscar as bebidas eu cumprimentei o restante da galera. Hoje o ensaio vai ser bom, teremos platéia e tudo. E que platéia!!!! Aneri e Maura sentadinhas de pernas cruzadas na cama do Pezão estão me deixando maluco. Não sei se vocês se recordam, mas eu já dei uns catos na irmã do Pezão. Sim, se aquele Corsinha verde dela falasse... putz!!! As duas estão no maior papo, é mão na coxa aqui, mão na coxa ali, não sei não. Mulher quando fica assim é porque está tramando alguma coisa. Ao lado das duas está o casal esquisitolândia. De um lado o pirralho metido a Professor Pardal, do outro a menina que lava os cabelos com mijo. Lindo, não? Fala sério.

Aproximei-me deles.

— Beleja? Quando sai o casório?

— Calma, está muito cedo ainda. — respondeu o pirralho, com as mãos no ombro da menina bruxa.

Olhei pra menina. Ela, com aquela mesma cara de peixe morto, virou-se lentamente pra mim e disse:

— Vocês não sabem tocar metal?

— Pra tocar Raimundos já foi um sacrifício, imagine eu cantando Iron Maiden. Vai sair uma bosta.

— Ah, não custa nada tentar, firmão?

— Vamos ver. Quem sabe?

A garotinha continuou com aquela cara de bunda. Eu estou intrigado, será que a história do mijo no cabelo é verdade? Olha, eu nunca fui de reparar nos cabelos da mulherada, eu sempre olho para outras coisas, mas os dela são realmente muito bonitos, negros, brilham, e parecem ser muito macios. Dá vontade de tocá-los. Será que mijo é melhor que usar condicionador? Eu, hein!

— Cadê o Jaime? — perguntou-me Aneri, de repente.

— Você não ficou sabendo? Ele voltou pra cidade dele.

— Varginha?

— Sim, sul de Minas Gerais.

— Vagina??? — disse Maura, toda espalhafatosa.

— Não! Varginha. Varginha. — eu corrigi.

— Prefiro vagina mesmo.

Xiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii. Sou apenas eu que estou sentindo ou vocês já perceberam um clima meio estranho no ar? Será? Primeiro as duas estão no maior papo aqui, mão na coxa aqui e ali, um puta agarra-agarra. Risinhos marotos e tudo mais. Agora a outra me solta uma dessa, dizendo que prefere vagina. Não é por nada não, mas está meio lésbico isso aqui. Está ou não está?

Puta merda!!! Estou ficando de pau duro!!! Disfarça, Nando! Disfarça!

Todo este papo de lésbicas me deixou excitado. Não é segredo pra ninguém, a maior fantasia de todo homem é ver duas mulheres se atarracando num rala e rola animal. Se você é homem sabe muito bem do que estou falando. Bom, se você é homem e nunca pensou nisso... está na hora de você se juntar ao time do primo Jaime.

Preciso me sentar urgente, caso contrário o Nando Jr. vai me fazer pagar o maior mico na frente de todo mundo. Concentração, cara! Pensa em algo broxante! Concentre-se! Vagina! NÃO!!! Cine Privet! NÃO!!! Pêlo, peluda, peludinha! NÃO!!! Meu, o que está acontecendo? Não consigo tirar sexo da minha cabeça, ou melhor, das minhas cabeças!

— Pega aí, cara. — disse Pezão, com um copo cheio da famosa batida.

Pronto!!! Nando Jr. voltou ao normal. Ufa! Quer algo mais broxante que o Pezão falando no seu ouvido? Impossível.

— O que foi, Nando? Parece que viu um fantasma! Você está suando! — Pezão olhou na direção da Aneri, e voltou o olhar para mim. — Ah, agora entendi o motivo deste suador todo. Aquela saia está foda, né? Já imaginou enfiar a mão ali embaixo e arrancar aquela calcinha lentamente? Puta merda que delícia!

Acreditem, nem o Pezão me falando isso consegui ficar de pau duro. Que bom.

— Vai encher a cara ou não? Não temos o dia todo!

— Antes me conta qual é a tal da ótima notícia.

— Puta merda!!! É verdade, eu já ia me esquecendo!

— Se a ótima notícia for a respeito da batida Pezão eu mato você, cara.

— Não é, ainda não consegui comprador pra ela.

Pezão subiu na mesinha no centro do quarto e pediu a atenção de todos. Acho que nem precisava pedir, né? Todos olharam assustados para ele.

— Psiu! Oh, galera, tenho algo importante pra dizer. Vocês nem imaginam a notícia que recebi hoje pela manhã.

— A mamãe finalmente achou um médico para curar seu pinto verde??? — gritou Maura.

Pezão ficou azul de raiva. As veias da testa dele saltavam pra lá e pra cá, acho que Pezão vai ter um treco. Puta merda, agora o bicho vai pegar. Não quero nem ver a briga. A Maura é foda, ela enfrenta o Pezão de igual pra igual, a maldita é valentona.

— Cala esta boca, sua biscate filha da puta!!! — Pezão continua sobre a mesinha. Nem acredito. Se isso tivesse acontecido alguns anos atrás os dois já estariam se enforcando neste exato momento.

— Filha da puta? Então sua mãe também é, somos irmãos!

Pronto, agora sim. Pezão saltou da mesinha fulo da vida e partiu pra cima da irmã. O barraco está mais do que armado. Maura saiu em disparada pela porta. Aneri pulou na frente de Pezão, tentando convencê-lo a esquecer e deixar a briga de lado.

— Você não vai bater na sua própria irmã, vai? — disse ela, com uma voz super sexy.

— Bater? Não, eu queria matar mesmo.

— Credo! Vira esta boca pra lá! Ela é sua irmã, sangue do seu sangue!

— Isso, sangue, eu quero ver sangue. Vou dar um teco tão forte na cara dela que quero ver sangue pra tudo quanto é lado.

Aneri pegou nas mãos de Pezão e o fez sentar. Mulher bonita é foda, faz o que quer da gente. Puta merda.

— Calma, você está muito nervoso. Relaxa. Conta até dez.

— Eu quero contar os dentes daquela piranha no chão.

— Credo! Relaxa, ninguém vai arrancar dente de ninguém aqui não. Não vou deixar isso acontecer.

Maldito Pezão dos infernos, conseguiu descolar uma massagem da loira. Olha só que merda! Eu aqui, carente, e o filho da mãe lá recebendo cafuné da Aneri. Assim não é justo, vou ficar nervoso também! Quem sabe não ganho uma massagem, né? Foda-se, vou encher a cara. Além disso, sem álcool eu não canto, então ... aqui vou eu!!! Peguei a jarra cheia da batida e mandei ver.

— Pezão, seu filho da puta, vai contar qual é a ótima notícia ou não???

Já estou até meio chapado.

Pezão nem se levantou. Deu a notícia de onde estava mesmo. Bom, ninguém é idiota suficiente para recusar massagem de uma loira maravilhosa daquelas, certo?

— Chega mais, galera. — disse ele. Incrível, sua voz estava tão calma e serena, nem parecia o filho da puta do Pezão.

Eu e todos os demais integrantes da banda nos aproximamos.

— Recebi uma ligação do Dudu hoje de manhã.

— Qual Dudu? O Dudu do Panela?

— Sim, porra!

Dudu é um amigo nosso, ele é vocalista da banda Panela Furada, muito conhecida aqui na minha região. Os caras tocam pra caralho.

— E daí? O que ele queria?

— Eles iam tocar no Forró do Zé Bedeu amanhã, mas como apareceu outro show maior lá em São Paulo eles precisaram cancelar. Sacou onde estou querendo chegar?

— Ele arranjou pra gente tocar no lugar deles?

— Claro, porra! É nóis na fita! Nosso primeiro show!!!

— Uhuuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!