As Aventuras de Nando & Pezão

"Rock na Veia"

Capítulo 7 – Matei!!! Matei!!!

Tomei o celular da mão dele.

— Porra, primo! — gritei. — Você é devagar, hein!!! Acorda!!!

Acho que finalmente caiu a ficha.

— Hummmmmmm! Você acha que ela gravou alguma coisa aí?

— Não, seu imbecil, foi o ET de Varginha que gravou!

Coloquei o celular no ouvido e selecionei a opção Ouvir Gravação. 

Galera, vocês não vão acreditar. Puuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuta que o pariu!!! Caraca!!! O que é isso??? Santa Pixirica!!!

---------------------------------------------

— Eu quero ouvir! — gritou Pezão, vindo em minha direção feito uma bala.

— Nem vem! Eu quero ouvir novamente e...

De repente senti algo bater com toda a força em minhas costas.

— Olha que puta largatixa gigante!!!!! Mas eu matei!!!!! Matei!!!!

Maldito Pigmeu filho de uma puuuuuuuuuuuuuuuuuuta!!! O desgraçado me deu um tapão tão forte que eu joguei o celular na casa do caralho. Não necessariamente na casa do caralho, mas só sei que ele saiu voando pela janela.

— Nããããããããããããããããããoooo!!!! — gritou Pezão, desesperado.

Corremos todos para a janela. Ao olharmos lá pra baixo veio a decepção, PT. Não confunda com o Partido dos Trabalhadores, eu quis dizer Perda Total. O celular se espatifou em 80 pedacinhos diferentes. Lágrimas escorreram dos olhos de Pezão. Sim, amigos, Pezão também chora. Poucas vezes em minha vida eu tive a oportunidade de ver uma cena como esta. Filhos-da-puta também choram.

— Pigmeu, seu filho-da-mãe!!!! — gritou Pezão, vermelho de raiva.

— Meu celular, seu maloqueiro idiota!!! — gritou Jaime, histérico.

Eu também queria gritar com Pigmeu, mas fiquei com pena do maluco. Ele só queria matar a lagartixa... hehehe.

— Por quê vocês estão bravos? — disse Pigmeu, na maior calma do mundo, como se nada tivesse acontecido. — Matei a largatixa gigante, não matei? Eu vi ela atacar o Nando e eu matei. Matei com minhas próprias mãos. Eu matei!!!

Pezão pulou na direção de Pigmeu feito uma leoa pulando sobre um búfalo.

— Eu mato este cheirador de cola do caralho!!! Eu mato!!!

Pezão grudou no pescoço magro de Pigmeu e quase não conseguimos soltá-lo. Se não estivéssemos ali Pezão teria mandado Pigmeu pra casa do chapéu. E conhecendo bem o desgraçado, garanto que Pezão daria o corpo para os mendigos fazerem churrasquinho novamente.

— Larga o Pigmeu! — gritou o Grilo, puxando Pezão pela camisa.

— Relaxa, carinha!!! — repetia Pigmeu. — A largatixa já....

— Cala esta boca!!! — gritou Pezão. — Se você disser "largatixa" mais uma vez eu jogo você pela janela, porra!!!

Acho que está na hora de tirar Pigmeu de cena.

— Vamos dar uma voltinha, Pigmeu. — eu disse, já puxando o figura pelo braço. — Preciso falar um negócio contigo.

Enquanto eu levava Pigmeu até o portão ele me deu outros 2 tapas.

— Outra lagartixa??? — comecei a rir antes de terminar a frase, mas ele nem percebeu.

— Não, era uma borboleta enorme, carinha. Ás vezes elas voltam.

Puta merda, você também tem de aturar amigos assim? Eu, hein!!! Aquela música do Milton Nascimento diz que amigo é coisa pra se guardar debaixo de 7 chaves, mas eu tenho alguns que dá vontade de jogar no porão e trancar com umas 7 fechaduras diferentes. O foda é que eu tenho pena do Pigmeu, o cara pode ser meio doidão, mas é gente boa, não faz mal pra ninguém. Abri o portão e falei pra ele:

— Beleja, Pigmeu, a gente se vê por aí.

Pigmeu ficou me olhando com aqueles olhos de peixe morto por uns 20 segundos, e respondeu com toda a calma que só ele tem:

— Certo, carinha.

— Tudo de bom, Pigmeu. — e mostrei o portão aberto.

Outra pausa.

— Mas pra onde eu vou mesmo? — perguntou ele.

— Sei lá. Você não tem casa?

— Ah, sim. Acho que tenho. Você lembra onde fica?

Puta merda, isso aqui já está me irritando. Conversar com maluco é foda.

— Basta seguir as lagartixas, Pigmeu.

— Ah, é verdade, bem sacado. Você é esperto, Nando. Sabe, eu sempre achei você o mais esperto da galera. Você só perde pro Marley.

Marley? Que Marley? Não conheço nenhum Marley. Ah, foda-se, se eu der corda pro Pigmeu eu não saio daqui tão cedo.

— Valeu, brother. O Marley é o melhor. Agora vai, estão esperando por você.

— É verdade. Estão sim.

— Sim, o Gnomo quer conversar um negócio contigo. Lembra?

— Claro, um negócio importante. Muito bem lembrado.

Santa pixirica!!!! Finalmente Pigmeu passou pelo portão e se foi. Agora eu me pergunto, quem é Gnomo???? hahaha.... eu inventei de última hora. Ah, dane-se, o importante é que Pigmeu largou do meu pé. Putz!!!! Ele está voltando!!! Corri pelo jardim feito um louco, só deu pra ouvir o Pigmeu gritando no portão:

— Agora eu me lembrei, o Gnomo também queria falar um negócio importante com o Marley!!! Chama ele aí!!!

Nem olhei para trás, continuei correndo. Eu só reparei num negócio, foi a primeira vez que eu ouvi o Pigmeu gritar. Sinistro.

Voltei pro quarto e o clima não estava bom. Pezão estava puto da vida por não ter ouvido a gravação misteriosa de Aneri; Jaime estava injuriado por ter perdido o celular; Grilo estava puto porque Pezão quase enforcara o amigo Pigmeu e Bruno porque... ah, sei lá, o rapaz já tem cara de cuzão mesmo.

— O que ela disse na gravação? — perguntou Pezão.

— Meu, vai por mim, é melhor eu nem contar.

— Por quê?

— Porque você vai chorar. — olhei para meu primo Jaime. — Este filho da puta não tem noção da sorte que tem.

— Sorte, que sorte? — disse Jaime, espantado. — Acabei de perder meu celular novinho. Onde você está vendo sorte?

— Se você soubesse o que a Aneri gravou no seu celular você entenderia.

— Porra, a loira quer dar pra bicha louca? — disse Pezão.

— Ei, olha como você fala comigo, hein!!! — Jaime ficou puto.

— Não fala merda da minha irmã também não! — disse Bruno, após um longo período em silêncio.

— Conta logo o que ela gravou no celular e acaba com isso! — disse Jaime.

— O que adianta? Você não gosta da fruta mesmo, aposto que vai ficar com nojo.

— Provavelmente. Mas conta assim mesmo, seu amiguinho parece estar bem interessado em saber.

Putz!!! Pezão vai avançar no pescoço do primo Jaime, já estou até vendo. Não, isso não aconteceu. Pezão sentou-se perto da bateria e ficou resmungando sozinho:

— Caralho, eu não entendo. Todos estes dias eu fiz de tudo e não consegui nem um beijo. A bicha aparece e a loira já quer fazer glu-glu e tudo.

— Sai fora, cara! — disse Bruno. — Minha irmã não é dessas não, entendeu?

— Com todo o respeito, cara. — eu disse para o rapaz. — Você vai me desculpar, mas o Pezão está certo. Sua irmã disse que queria fazer isso .... e muito mais.

Bruno veio em minha direção. Jaime o segurou.

— Seu filho-da-puta!!! — gritou Bruno, tentando se soltar de Jaime. — Se você disser mais uma coisa da minha mana eu arrebento sua cara.

Pobre rapaz, acha que a mana é uma santa. Cuecada de plantão, se eu contar o que tinha naquela gravação eu garanto que todos vocês vão sair correndo pro banheiro. Não vai sobrar ninguém aqui pra ler o resto deste capítulo. Como diz o seu Creyçon, eu agarântiu.

— Em respeito a você e sua irmã eu não vou contar o que ela gravou.

— Acho bom mesmo.

— Não por sua causa, porque eu nunca tive medo de mano metido a valente, mas porque eu gosto da sua irmã.

— Porra, Nando, conta logo e pára de drama! — disse Grilo.

— Não.

De repente o pirralho, irmão do Pezão, entrou no quarto. Estava com os pedaços do celular quebrado nas mãos.

— De quem era este celular? — ele perguntou, com um sorriso sacana nos lábios.

— Meu. — respondeu Jaime.

— Posso ficar com o que sobrou dele?

Notei os olhos de Pezão arregalando.

— Você sabe arrumar? — perguntou ele.

— Não, mas eu quero fazer algumas experiências.

— Faça bom proveito. — disse Jaime. — Virou sucata mesmo.

— Valeu! — o pirralho saiu pela porta todo animado. Alguma coisa ele está aprontando. Se algum dia fizerem um filme sobre aquele desenho animado "O Laboratório de Dexter" eu já sei quem poderá interpretar o papel principal. O pirralho leva jeito.

— Pentelho bicha dos infernos. — resmungou Pezão, e olhou para Jaime — Ele vai usar o seu celular pra fazer um vibrador.

Senti vontade de rir.

— Um vibrador? — sorriu Jaime. — Não seria uma má idéia.

— Não se anime, Jaime. — eu disse. — O pirralho é foda, é bem capaz dele criar uma bomba-relógio com o seu celular. Aquele moleque vai ser terrorista um dia.

— Porra, nós vamos fazer o nosso primeiro ensaio ou não? — gritou Pezão.

Não sei se há clima pra tal, mas a galera começou a ajeitar os instrumentos. Pra ser sincero eu não tenho a menor idéia de como vamos começar o tal do ensaio. Eu só canto no chuveiro e olhe lá. Aquele dia no churrasco foi algo anormal, eu estava pra lá da casa do chapéu, eu já tinha tomado todas e muitas outras, eu já estava chamando urubu de minha Carla Perez. Bom, acho que vocês já entenderam. Eu estava chapadaço.

Putz! As coisas aconteceram tão rápido que eu nem tive tempo pra raciocinar. Vocês já perceberam uma coisa? Eu e Pezão queremos comer a loira, a loira quer dar para o Jaime, Jaime quer dar para o Pezão. Meu, que rolo!!! Bom, ninguém querendo me comer eu já fico satisfeito, né? hahaha.... Sei lá, o irmão da loira me parece ser daquelas bichas que ainda não saíram do armário.

Oh, que cara é esta? Já sei, você está frustrado comigo por eu não ter contado o que tinha na gravação da Aneri, certo? Calma, eu vou contar. Você já ligou alguma vez para aqueles números de tele-sexo? Já? Então esqueça, o que a loira gravou no celular do meu primo supera tudo aquilo. Pronto. Contei. Relaxa, não fique puto comigo, um dia eu conto, no mesmo dia em que eu contar o que aconteceu em Ubatuba... hehehe. Fica frio, um bom segredo é gostoso. Você se lembra de quando descobriu que Papai Noel é apenas um gordo vestido de vermelho? Foi chato, não foi? Então... relaxa.

Um bom tempo depois....

— Estamos prontos, Nando. — disse Pezão. Estavam todos olhando pra mim.

— Sim, e daí?

— Porra, você não é o vocalista! — disse Grilo.

— Ah, é verdade.

Caralho, eu tinha até me esquecido. Fala sério, nossa banda vai ser a melhor ou não vai? hahaha....

— Como é que se começa um ensaio?

— O Bruno já teve uma banda, ele trouxe algumas partituras. — disse Pezão.

— Nós poderíamos começar com algumas músicas do Legião Urbana, o ritmo é lento e...

— Sim, vamos lá então.

Bruno me passou a letra da música. Eu conheço, você conhece, todos conhecemos. Mas... será que eu consigo cantá-la?

— Detona, primo! — disse Jaime, bem gay. Putz, este era o último grito de incentivo que eu gostaria de ter ouvido... hahaha. Teria sido muito melhor se a Aneri estivesse aqui. Mulher gostosa sempre inspira.

— Bom, todos prontos? — perguntou Pezão.

Vi todos fazendo sinal de positivo. Será que Pezão melhorou tanto assim na bateria? Putz, não falei? Mulher gostosa inspira mesmo. Com uma professora daquelas eu estaria cantando melhor que o Frank Sinatra.

— Vamos quebrar tudo, galera! — gritou Grilo.

Todos olhamos para ele, rindo.

— O que foi? — ele ficou sem graça. — Foi só um grito de incentivo!

— Puta merda, isso aqui está mais pra Mamonas Assassinas. — disse Jaime.

— Bom, agora é pra valer. — disse Pezão, começando a bater as baquetas umas nas outras. — 1... 2... 3... e...