As Aventuras de Nando & Pezão

"Rock na Veia"

Capítulo 6 – O Celular

Não teve outro jeito. Fui pra casa do Pezão e o primo Jaime veio junto, feito carrapato. Mas eu acho que ele já esqueceu aquele lance de tocar gaita. Espero que tenha esquecido mesmo. Não quero o Pezão me azucrinando por causa disso.

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Fomos caminhando até a mansão do Pezão. Quando chegamos a bicha nem acreditou.

— Caraaaaaaaaaaaaca!!! É aqui que o seu amigo mora?

— Tem gente que nasce com o cu virado pra lua, né?

— Ai, nem me fala isso... até arrepiei.

Putz! Se o cara não fosse meu primo eu acho que batia nele. Estas frescuras me irritam. Já parou pra imaginar um exército de bicha atacando o Iraque? "ai, olha que bomba linda!!! toda verde-oliva!!! combina com a calça nova que eu comprei no brechó" hahaha.... Pensando bem, se o exército fosse gay não haveria guerra, eu acho.

Nem precisei tocar a maldita campainha. Pezão já estava na janela.

— Entra aí, eu deixei o portão destrancado! — gritou ele.

Entrei e primo Jaime ficou parado na calçada.

— O que foi? — perguntei. — Não vai entrar?

— Uma casa deste tamanho. Garanto que tem cachorro bravo. Eu morro de medo de cachorro.

— Entra logo, porra! Não tem cachorro nenhum não. Na verdade tinha, mas virou churrasco pra mendigo.

— Credo! Que nojo.

— Pois é, Pezão e suas idéias. Eu falei que era melhor você ter ficado em casa com a minha mãe, não falei?

— De jeito algum! Sua mãe está quase ligando pra filha de uma amiga dela pra me arranjar um encontro. Acredita? Ela quer me transformar num hetero de qualquer jeito.

Por fim ele entrou. Quando passávamos pelo jardim Pezão gritou novamente:

— Estão todos aqui, Nando! Hoje será um dia histórico para nós. A primeira reunião dos Red-Foot Hunters!!!

— Beleja. — eu respondi, fazendo sinal de jóia.

— Quem é este aí? — perguntou Pezão, apontando para o Jaime.

— Jaime! — respondeu o meu primo, antes de mim. — Sua casa é um espetáculo, hein!

— Valeu. — respondeu Pezão. Putz! Pezão não gostou da presença da bicha. Deu pra notar pelo "valeu". Quando ele fala assim é porque tem alguma coisa errada.

— Meu Deus, seu amigo é um gato! — disse Jaime, todo animado.

— Ah, sai de mim, satanás!!! Eu concordei em trazê-lo aqui, mas se você continuar com estas veadagens eu mando você embora!!!

— Ai, primo! Quando passou aquela morena bonita você comentou comigo, né?

— Ah, é diferente! Além disso eu esqueci que você não é chegado na fruta.

— O Pezão tem namorada?

Puuuuuuuuuuuuuuuta que o pariu!!! Assim não dá, assim não tem jeito! Até aqui eu estava levando o meu primo numa boa, mas eu não sei... se começarem estas veadagens pra cima de mim eu vou acabar me enfezando com esta bicha dos infernos.

— Não sei. — respondi, seco.

— Como não sabe?

— La la la la la la. — tampei os ouvidos e continuei. — La la la la la la la la.

Jaime ficou puto comigo.

— Nossa, primo...

Parei com os "la la la" e disse sério:

— Jaime, quer um conselho? Se eu fosse você ficava longe do Pezão. Além do cara ser um filho-da-puta ele não curte bicha.

— Ah, será mesmo? Olha, Nando, eu tenho experiência nisso. Todos os riquinhos filhinhos de papai que eu conheci até hoje curtem um ativo-passivo.

— Primo do céu, não fala estas coisas perto de mim, por favor!

— Ativo-passivo?

— Porra, não faz isso! Eu não gosto nem de imaginar estas coisas... puta merda!

— Está bem! Está bem! Não está mais aqui quem falou. Fica sossegado, não vou nem falar com o seu amigo. Fica frio.

Adentramos a mansão. Jaime finalmente ficou quieto. Quando nos preparávamos para subir as escadas eu levei um puta tapão nas costas.

— Opa!!! O que é isso? — eu gritei, assustado.

— Fala, carinhas, tudo na paz?

Puuuuuuuuuuuta merda!!! Não acredito! É ele mesmo?

— Pigmeu!!! Quanto tempo, mano! Beleja?

— Beleja, carinha. — respondeu Pigmeu, com os olhos vermelhos. O cara está mais chapado do que nunca.

— Eu pensei que você tinha morri...

De repente Pigmeu lascou um tapão no braço de Jaime.

— Ai!!! — gritou Jaime, todo escandaloso. — Meu filho, você é doido?

— Você não viu? — perguntou Pigmeu, sério.

— Vi o que, porra?

— A largatixa, e era das grandonas!

— Que largatixa??? — gritou Jaime, nervoso. — Ficou louco??? Comeu cocô??? E pra começar nem é largatixa, o correto é lagartixa!!!

Eu dei tanta risada que quase me mijei todo.

— O que houve com as borboletas, Pigmeu? — perguntei, rindo feito uma hiena com soluço.

— Não sei, carinha, elas fogem de mim. As largatixas são mais lentas. Eu gosto mais das largatixas, sabe?

Jaime sussurrou no meu ouvido:

— Este cara está chapadérrimo.

— Porra, primo, só agora você percebeu? — respondi.

— Vamos subir logo isso aqui! — disse Jaime. — Este cara está me deixando nervoso.

Ignorei.

— O que você está fazendo aqui, Pigmeu? — perguntei.

Pigmeu olhava atentamente para as paredes. Puta merda, o cara está mais louco do que antes. Após 20 segundos ele olhou pra mim e respondeu:

— Vim dar uma força pro Grilo.

Porra, é mesmo, esqueci que o Pigmeu é amigão do Grilo, irmão do Mamute.

— Ah, entendi. — eu disse.

Pigmeu continuou olhando para as paredes, e disse:

— A banda de vocês vai fazer sucesso, carinha. Vai por mim. Vocês vão ser mais famosos do que aquela banda......

Pigmeu ficou quase 1 minuto tentando lembrar o nome da tal banda e não conseguiu. Resolvi dar uma ajuda.

— Titãs? Legião? Paralamas? Mamonas?

— Não, nenhuma destas. Vocês serão mais famosos do que os Beatles.

Jaime quase caiu da escada de tanto rir.

— Porra, Pigmeu, obrigado!!! — eu disse, rindo também.

Começamos a subir as escadas novamente. Se déssemos corda para o Pigmeu ficaríamos ali umas 3 semanas.

— Mas Planet Hemp só tem um, carinhas. — disse Pigmeu. — Nem adianta. Planet Hemp e Deus. Estes vocês não alcançam.

Jaime e eu quase rolamos escada abaixo de tanto que ríamos.

— Certo, Pigmeu, Marcelo D-2 detona! — eu disse, rindo feito louco.

— Quem? — perguntou Pigmeu.

Putz!!! O Pigmeu é foda. O cara é uma figuraça. Mas é gente boa.

Finalmente chegamos ao quarto do Pezão. A galera estava toda lá. 

— Porra, Nando! — gritou Pezão, abrindo os braços. — Onde você estava? Mandei o Pigmeu procurar você!

— Tem certeza de que você mandou o Pigmeu me procurar? Eu acho que ele saiu para procurar outra coisa.

— O quê?

— Deixa pra lá. 

Nossa, olha só quem está aqui!!! A loira dos meus sonhos porno-erótico-sensuais. Dei uma olhada completa naquele corpo escultural antes de cumprimentá-la.

— Oi, Aneri, tudo bem? — agarrei a cinturinha e lasquei um beijão naquela bochecha de pele macia.

— Tudo, e você?

— Melhor agora, né?

Ela sorriu pra mim. Ai que coisa linda. Não sei, mas acho que vou ter uma ereção agora mesmo. Controle-se, Nando Jr.!!!!!!!

— Este é o meu irmão, o Bruno.

Puuuuuuuuuuuuuuuta merda!!! Irmão? Tem certeza? O cara mais parece um filhote do capeta com a Vovó Mafalda. Caralho! Cumprimentei o cara, mas tentei manter uma certa distância, confesso que fiquei com medo do cara. É muito feio!!! Imaginem um filho dele com a Lelê!!! Credo em cruz!!! Seria o próprio anticristo!!!

Olhei para o lado e dei de cara com outra criaturinha esquisita, o Grilo.

— E aí, Nando, beleza?

— Beleja, Grilo. Quanto tempo, cara!

Puta merda, outra coisa da mãe natureza que eu não consigo entender. O Grilo é esquelético, parece uma agulha, se ligarem o ventilador ele sai voando. Como é que pode ser irmão do Mamute? Coisas da genética, ou de porra estragada, sei lá.

— É verdade, faz tempo que a gente não se tromba.

— Como vai o mano?

— Ah, meu, eu já falei pra ele voltar a estudar e pá, mas o cara só quer mexer com zona e o escambau. Deixa ele, um dia a casinha dele cai.

— É foda. Ele continua tomando conta da americana?

— Continua porra nenhuma. A loira aprendeu a falar português e se mandou.

— Voltou pra casa?

— Sei lá, acho que não. Deve estar dando a bunda por aí.

Aneri, indignada, interveio:

— Mas como vocês falam merda, hein!!! Putz grila!!!

Pezão entrou no meio.

— Bom, já que estão todos apresentados, agora vamos ao que interessa e...

— Ninguém me apresentou ainda! — disse Jaime, entrando no meio da galera.

Puta merda, o cara parecia um pavão fazendo a dança para atrair a parceira para o acasalamento. Fiquei morrendo de vergonha.

— Este é o Jaime, meu primo de Varginha.

— Varginha? — disse o Grilo. — Igual ET de Varginha?

Putz!!! Ninguém merece, fala sério.

— Isso mesmo. — respondeu Jaime.

— Você já viu algum ET? — perguntou Aneri.

— Só de brinquedo. — respondeu Jaime, sorrindo. — O ET virou mascote da cidade.

— Que legal! — nossa, notei os olhos da loira brilharem ou foi só impressão minha? — Então o povo levou a história do ET na brincadeira, que legal.

— Alguns sim, outros não.

— Ah, agora eu quero que você me conte isso direitinho.

Putz!!! Será que a loira está interessada no.... Ah, não, eu preciso fazer alguma coisa.

— Antes que vocês façam algum comentário eu gostaria de dizer que meu primo Jaime é homossexual assumido. — eu disse. — Certo, primo?

Todos me olharam estranho.

— O que foi? O que foi?

De repente todos começaram a rir da minha cara.

— Puta merda, Nando, você viaja. — disse o Grilo.

Porra, acho que viajei mesmo, seria preciso ser muito tapado pra não perceber que meu primo Jaime não é bicha. Olha só o jeito da figura??? Caramba, a loira já avançou no primo Jaime feito leão numa carcaça de elefante. Mulher adora uma bicha. Elas se sentem menos ameaçadas, sei lá. Porra, se eu soubesse que a Aneri curte um gay eu teria fingido ser um só pra poder ficar agarradinha com ela por alguns minutos.... hehehe

— Porra, vamos ao que interessa ou não??? — gritou Pezão, puto da vida.

— Calma, Pezão, fica frio. — eu disse.

— Fica frio o caralho!!! — respondeu ele. — Nós estamos aqui faz um tempão e ainda nem tiramos os instrumentos para fora!

— Opa!!! — disse Jaime, todo sorridente. — Alguém falou em colocar os instrumentos para fora aí???

Putz!!! Estas veadagens me irritam seriamente. A única que gostou foi a loira. Ela riu feito uma hiena com cócegas. Pensei até que ia mijar na saia. Meu, falando em saia, ela está com as pernas todinhas de fora.... ai que maravilha. Apesar de ser loirinha ela tem o corpo bronzeado de sol, uma loucura.

Eu percebi uma coisa, Pezão está ficando vermelho. Eu acho que ele vai explodir daqui a pouco. Não sei se é porque ainda não "tiramos os instrumentos pra fora" ou é ciúme da loira ou é por causa do primo Jaime. Sei lá, só sei que ele está naqueles dias. É melhor não provocar a fera. A última vez que eu vi o Pezão assim ele jogou uma televisão 20 polegadas na cabeça do Salsicha, um amigo nosso.

Enquanto a galera tirava os instrumentos para fora eu tentei me aproximar da loira.

— Você está linda, Aneri.

— Ah, obrigada! 

Putz!!! Olhei para o decotão da loira e lembrei imediatamente daquele comercial da Coca-Cola, aquele em que o pobre coitado fica de butuca nos peitões da loira e no final diz... "Silicone, só pode ser silicone". Meu, os peitos da Aneri são idênticos aos da loira do comercial, até as pintinhas são parecidas. Será que a Aneri foi dublê da loira no comercial? Sei lá.

— Nossa, preciso ligar para uma amiga minha! — disse ela, de repente. Os peitões até balançaram feito gelatina. É melhor eu parar de olhar ou vou ter uma ereção daquelas.

Aneri se levantou rapidamente, estava procurando sua bolsa. Eu a localizei atrás do travesseiro. Peguei a bolsa e a entreguei em suas mãos. Aneri enfiou a mão delicada dentro da bolsa, mas parece não ter encontrado o que queria. Meu, eu daria qualquer coisa para ela estar procurando uma camisinha para podermos..... ai ai .... to viajando, né? São aqueles peitões maravilhosos, estou ficando louco.

— Droga! — esbravejou a loira. — Esqueci meu celular em casa!

— Se quiser... — antes que eu terminasse a minha frase ela olhou para o Jaime e:

— Empresta o seu pra mim!!!

Jaime enterrou a mão magra no bolso da calça e retirou um minúsculo celular. Tão pequeno que parecia uma caixinha de fósforo.

— Nossa, que fofo!!! — disse Aneri, toda contente, tomando o celular das mãos do primo Jaime. — É rapidinho, já já eu devolvo, tá?

— Use à vontade.

Aneri meteu o celular no ouvido e saiu do quarto, com seu andar rebolado.

— Calma, Nando, aponta isso pra outro lado!!! — disse Jaime, rindo da minha cara, olhando para o meu....

Putz!!! Olhei para a minha calça e notei uma pequena ereção. Caraca, fiquei de pau duro e nem percebi. Acho que aconteceu quando a loira saiu rebolando com o celular no ouvido.

— Você está doidinho pra traçar a siliconada, não está? — disse Jaime, em voz baixa. Acho que o irmão dela quase ouviu.

— Mas é claro, quem não quer? Você disse siliconada? Você acha mesmo?

— Ai, meu filho, aquilo ali é silicone. Vai por mim. Ninguém tem aquilo ali de graça não.

— Ah, você não entende nada disso. Nem gosta da fruta. Fica quieto.

— Posso não gostar, mas eu entendo sim. Várias amigas já colocaram e eu já segurei em minhas mãos. Sei exatamente do que estou falando.

— Puta merda! Conta isso, como assim já segurou?

— Mulher é um bicho inseguro também, Nando. Enquanto eu não segurava, apertava e beliscava pra sentir o novo material elas não sossegavam. E é claro que elas não fariam isso com qualquer um na rua, né? Elas me procuravam. Eu fazia contra a minha vontade, mas fazia.

— Seu bicha dos infernos!!! Não é justo!!! Quando elas procurarem por você mande elas passarem lá em casa que eu faço.

Jaime começou a rir.

— Ah, tá, elas virão de Varginha até aqui só pra você conferir os peitos novos. Prepare-se, pois farão fila. Você viaja, primo.

De repente Aneri retornou, com um largo sorriso nos lábios. A visão do paraíso.

— Muito obrigadinha, Jaime! — ela inclinou pra devolver o celular e meus olhos não resistiram, mergulharam no decotão dela. Quase caí de cabeça nos melões.

— Não precisa agradecer. — respondeu Jaime, com cara de bunda, guardando o celular novamente no bolso.

— Preciso ir, gente. Minha amiga acabou de brigar com o namorado e está prestes a atacar a geladeira e caixas de bombons. Não posso permitir isso, não é? Homem nenhum neste mundo vale este sofrimento todo. Bom, alguns até valem.

Caraca, é impressão minha ou a loira está jogando verde pra cima do meu primo?

— Tchauzinho, pessoal! Se der eu volto mais tarde.

Putz! Que bosta, sem a loira isso aqui vai ficar uma merda. Um monte de cueca e uma bicha sentada na cama. Pesadelo total.

Aneri se despediu de todos e quando se preparava pra deixar o quarto...

— Ah, Jaime. — disse ela, encostada na porta.

— Sim. — respondeu meu primo.

— Seu celular tem gravador de voz, né?

— Sim, acho que tem. Nunca usei isso.

A loira deu um sorriso do tamanho de um bonde. Se eu já não fosse maluco por ela eu juro que me apaixonaria ali mesmo.

— Mas eu não entendi. — prosseguiu Jaime. — O que é que tem?

— Nada não, Jaime, nada não. — ela sorriu novamente, e saiu pelo corredor.

Na mesma hora eu corri até meu primo e pedi o celular emprestado.

— Anda logo! Anda logo! Passa este celular pra cá!

— O que você quer?

— Eu quero verificar uma coisa.

Peguei o celular, mas o maldito é de uma marca diferente da minha.

— Como é que eu acesso o gravador? — perguntei, desesperado.

Jaime tomou o celular da minha mão e acessou o gravador.

— Que estranho, tem uma gravação aqui. Mas eu nunca...

Tomei o celular da mão dele.

— Porra, primo! — gritei. — Você é devagar, hein!!! Acorda!!!

Acho que finalmente caiu a ficha.

— Hummmmmmm! Você acha que ela gravou alguma coisa aí?

— Não, seu imbecil, foi o ET de Varginha que gravou!

Coloquei o celular no ouvido e selecionei a opção Ouvir Gravação. 

Galera, vocês não vão acreditar. Puuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuta que o pariu!!! Caraca!!! O que é isso??? Santa Pixirica!!!