As Aventuras de Nando & Pezão

"Rock na Veia"

Capítulo 3 – Câmera Escondida

— Calma, ainda está faltando uma coisa.

— O quê?

— Porra, o nome da banda!

— Porra, é verdade, o nome da banda.

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O nome da banda. Putz! Agora o bicho pegou. Todos os nomes legais já foram usados. Motorhead, Megadeath, Nirvana, Stratovarius, Aerosmith, Titãs. Que bosta, não sobrou nenhum nome legal pra nossa banda. Outra dúvida, devemos colocar um nome em inglês ou português? Que bosta! Agora fodeu.

Bom, uma semana se passou e alguns nomes apareceram, entre eles eu destaco:

1) Biscate's Lovers;

2) Lanterna Verde ( hehehe... Pezão ficou puto!!! );

3) Gordinho do Goonies;

4) Seu Madruga Não Morreu;

5) Saik é Sua Taffarel;

6) The Shitheads;

7) The Zongo Boys;

8) El Frangolito;

9) To com Chato no Saco;

10) Batata Doce com Repolho;

11) Peido Fantástico;

12) Urinéia;

13) Tawnee Stone ( sugestão do pirralho, irmão do Pezão, eu não entendi nada );

14) Chavasques ( em homenagem ao fantástico filme da Juciléia, é claro ).

Pois é, foi tudo o que conseguimos criar até aqui. O nome que eu mais gostei foi o primeiro, Biscate's Lovers. Sugestão minha, é claro. A única sugestão do Pezão que eu até achei mais ou menos foi a número sete, The Zongo Boys. 

Puta merda!!!! Quase 4 horas da tarde!!!! A aula do Pezão está quase terminando. Eu estou louco pra conhecer a tal professorinha. Pezão quando fala dela até baba e mela a cueca, ela deve ser gostosa pra caralho. Ah, não, eu preciso conhecer esta professorinha hoje mesmo. Se eu for de bicicleta eu acho que consigo chegar a tempo.

Subi na magrela e pedalei o máximo que pude. Cheguei na casa do Pezão em 4 minutos e alguns segundos. Rápido pra cacete! Quase fui atropelado por uma Jamanta no meio do caminho, mas tudo bem, se eu conseguir ver a tal professorinha gostosona valeu a pena. Toquei a campainha e lá estava ele, o maldito Pezão dos infernos me olhando pela janela do seu quarto, no andar superior da mansão. A casa do Pezão é um espetáculo, galera. Vocês não fazem idéia. Por quê será que tem uns filhos da puta que nascem com o cu virado pra lua e outros com o cuzão virado para um monte de espinho? Que bosta.

— Chega mais, Nando! — gritou ele, com um puta sorriso no rosto. Ele quer que eu veja a tal professorinha. Maldito Pezão filho da mãe. Ele quer que eu fique com inveja dele, isso sim.

— O portão está fechado! — respondi, gritando também.

Pezão gritou o nome da empregada. Dois minutos depois ela apareceu para abrir o portão. A empregada do Pezão é daquelas que você não comeria nem se ela lhe pagasse. A mulher é feia que dói. Até hoje eu só vi uma pessoa mais feia do que ela. Sim, vocês sabem de quem eu estou falando. Letícia, ou Lelê para os íntimos. Aquela é insuperável. No dia em que nascer uma criatura mais feia eu quero ir pessoalmente cumprimentar os pais na maternidade.

— Oi, Fernando, tudo bem? — ela perguntou, abrindo um sorriso cheio de dentes podres.

Putz! Ninguém me chama de Fernando. Quando me chamam eu até estranho.

— Beleja, e você?

— Eu não agüento mais esta barulheira todas as tardes.

— Deve ser insuportável, né?

— Nosso Deus! Horrível, horrível! Fica um tum tum tum no meu ouvido. Eu acho que vou ficar surda se estas aulas continuarem.

Entrei e caminhamos até a garagem. Caramba, até que de bunda ela não é tão ruim assim. Ops! Ela olhou para trás. Disfarce, Nando, disfarce! Olhei rapidamente para o lado.

— Tenho tanta coisa pra fazer. — disse ela, com uma cara bem desanimada.

— Se eu puder ajudar.

— Não, vai lá. Eu sei o que você veio fazer aqui.

Sorri pra ela.

— Você veio ver a moça bonita, é claro que veio. — disse a empregada, com um sorriso irônico. — Vocês são todos iguais.

— Ah, também não é assim. Há piores! hehehe

— Pior do que aquela peste? — ela disse apontando para o quarto do Pezão. — É ruim, hein! Fala sério. Você também. Apesar desta carinha de santo eu não coloco minha mão no fogo por você.

— Nem faça isso, vai se queimar toda. Se você soubesse metade das nossas vidas ficaria de cabelo em pé.

Ela teve um ataque de riso. Pensei até que ia ter um treco.

— Nem quero saber! Nem quero saber! Cruz credo!

Dei um sorriso sem graça e disse:

— Bom, deixa eu ir lá então. Tudo de bom pra você.

— Isso, vai lá. Quem sabe você não pega os dois num rala e rola?

— Sai fora!

A empregada voltou para a cozinha e largou do meu pé. Subi as escadas e dei de cara com quem? Sim, com o pirralho. O maldito moleque está crescendo e ficando com aquele mesmo olhar de filho-da-puta que o Pezão tem. Deve ser problema de DNA.

— Aceita uma balinha? — perguntou ele, com aquele sorrisinho maroto.

— Pega nas minhas balinhas aqui, ó! — respondi, agarrando meu saco.

— Quer ver algo interessante?

— Não. — respondi, passando por ele.

— Não quer ver a calcinha da professorinha?

Opa!!! Agora é diferente. O que foi que o moleque disse? Parei imediatamente.

— Rápido. — sussurrou o pirralho. — Vem aqui, vem aqui!

Voltei e entrei no quarto do moleque. Tinha uma televisão 29 polegadas ligada e...

— O que eu estou fazendo na tela da sua tevê?

O moleque balançou o tênis e a minha imagem se mexeu na televisão.

— Mas como você está fazendo isso? — perguntei, curioso.

O moleque se abaixou e passou a mão sobre o tênis. Vocês não vão acreditar. O moleque tem uma minicâmera instalada dentro do tênis. A lente minúscula filma tudo através de um pequeno furinho. Putz!!!

— O que você vai fazer com isso? — perguntei.

— Fica olhando ali. — o moleque apontou para a tevê, saiu do quarto e fechou a porta.

Sentei-me na cama do pirralho. O cheiro de punheta vinha de todos os cantos do quarto. Eca!!! Fiquei olhando fixamente para a tevê. A porta do quarto do Pezão apareceu na tela. Tem som e tudo! Ouvi o pirralho bater na porta. Ele entrou no quarto. Porra, não estou vendo nada, só o teto! Cadê a professorinha?

— O que você quer aqui? — Pezão resmungando com o guri. Vai, pirralho, chega perto da professorinha!

— Não fala assim com ele, tadinho. — Uau!!! É a voz da professorinha? Nossa, que sexy! Mas cadê ela? Porra, guri, chega perto dela!

— Estou precisando de uma caneta emprestada. — disse o pirralho.

Caneta? Putz! Que desculpa mais idiota! Cadê a professorinha? Será que ela está de saia? Tomara que sim. Espera, eu vi alguém! Ah, é o babaca do Pezão. Sai daí! Cadê a profe.... PUTA MERDA!!! Eu não acredito no que eu vi! Eu não acredito! Eu vi a professorinha! Eu vi a pexeca da professorinha! Hahaha.... Não estou acreditando! Gente, o guri meteu o pé debaixo da saia da gostosa e ela está sem calcinha! Caralho! Cadê o guri? Vai, guri! Enfia o pé debaixo da saia dela outra vez! Vai, guri, vai!

— Sai daqui, moleque! — gritou Pezão. Maldito! Deixa o moleque em paz!

Caralho, será que o pirralho está gravando tudo isso? Tomara que sim, quero ver aquela cena da saia outra vez, mas em câmera lenta, é claro.

Aaaaaaaaaaaaaaaooooooooooooooooo!!! O guri é foda! Lascou o tênis debaixo das pernas da professorinha outra vez. Uau!!! É a visão do paraíso! Hummmmm!!! Ai que delícia. Putz! Estou ficando de bilau duro. Filma mais! Filma mais! Ahhhhhhhhhh! O Pezão tirou o moleque do quarto. Que bosta! Agora só estou vendo o corredor na tevê. Que bosta! Maldito Pezão dos infernos!

O pirralho voltou pra o seu quarto, com um sorriso sacana no rosto.

— Filmei alguma coisa interessante? — ele perguntou, ofegante. — Ela veio de saia hoje! Consegui filmar a calcinha dela?

— A calcinha? Você nem imagina!! Você está gravando isso, né?

— Acho que sim, eu nem me lembro se coloquei para gravar.

— Puta que o pariu, guri! Diz que está gravando, porra! Você filmou a pexequinha da professora umas duas vezes!

— Caraca!!! É mesmo? Ah, fala sério!

— Sério, porra! A biscate veio sem calcinha!

Galera, só vendo para acreditar, o moleque deu um salto mortal até o vídeo e...

— PUTA MERDA!!! — gritou o pirralho.

— Diz que gravou, vai!

— Não gravei.

Alegria de pobre dura pouco mesmo. Puta que o pariu. Pobre guri, este ficou ainda mais abalado. Perdeu um show e tanto. Ai, só de lembrar daquela câmera filmando por debaixo da saia da professorinha eu já fico excitado... ai ai. Preciso me controlar e acalmar o Nando Jr. Vou entrar no quarto do Pezão. Não vai pegar bem eu entrar de bilau armado.

Bati na porta umas 3 vezes.

— É você outra vez, cacete? — resmungou Pezão.

— Não, sou eu. — respondi.

— Entra, Nando. 

Olhei para minha calça e ... ufa... Nando Jr. já havia se acalmado. Abri a porta e entrei.

— Por quê demorou tanto? — perguntou Pezão.

— A Cremilda me pegou de conversa. — Ah, esqueci de dizer, né? O nome da empregada é Cremilda. Putz! Com um nome desse ela só poderia ser empregada mesmo. Você já imaginou uma Cremilda ganhando o Oscar ou o Prêmio Nobel?

Puta merda! Nando Jr. terá uma batalha enorme pela frente, permanecer calmo na frente da professorinha. Putz grila! Eu já vi muitas garotas bonitas e gostosas nestes anos todos de gandaia, mas eu juro, nunca vi nada parecido com a professorinha. Mas que gaaaaaaaaaaaaaaaaata!!! Dá até vontade de fazer "Shuim! Shuim!". Quem assistiu "Quanto Mais Idiota Melhor" entendeu o que eu quis dizer. Se você ainda não assistiu, corre pra locadora e pega agora mesmo!!! Este filme é duka!!! 

— Esta é a Aneri. — disse Pezão. — A professora mais linda do planeta.

Ela abriu um largo sorriso. Meu Deus, estou me apaixonando. Eu nunca vi um sorriso tão lindo assim em toda a minha vida.

— Ah, não exagera. — ela disse, ainda com aquele sorriso lindo no rosto.

— Este é o meu amigo Nando.

Aproximei-me dela e a beijei no rosto. Senti sua pela macia nos meus lábios por apenas alguns milésimos de segundo, mesmo assim deu pra perceber que era a pele mais macia e gostosa que já toquei. Será que estou sonhando? Isso é uma garota ou uma miragem? Vocês devem estar imaginando como ela deve ser, né? Não a visualizem como uma modelo de passarela, pois ela não tem este perfil. Ela é até baixinha, tem o corpinho atarracado, mas delicioso, tem coxas grossas e a barriguinha malhada. Seus cabelos loiros chegam até os ombros. Ainda não consegui descobrir se seus olhos são azuis ou verdes, só sei que são espetaculares. Ela está usando uma blusinha verde-limão escrito "No-Stress" e, é claro, uma saia azul-marinho, que vai até o joelho. Putz! Nem acredito que eu já vi debaixo daquela saia! Uhuuuuuu! Ops! Acalme-se, Nando Jr.!!!

— Adorei o seu nome, — eu disse. — bem diferente.

— Sim, também adoro o meu nome, é de origem sueca.

— Hummmmmm. Loira e linda deste jeito só podia ser mesmo.

Admito. Estou quase babando em cima da loira. E já estou com a cueca toda melada.

— Na verdade meus pais são suecos, eu nasci aqui no Brasil mesmo, e tenho muito orgulho disso. Sou de Balneário Camboriú, Santa Catarina. Conhece?

— Não, mas se as garotas de lá forem tão lindas como você eu vou pra lá agora mesmo!!!

Ela sorriu outra vez. Ai meu Deus.

— Você nem imagina. Eu sou até feia perto das outras meninas de lá.

Uau. Além de linda a loira fala maravilhosamente bem, e ainda tem uma voz sexy pra diabo. Não, ela não existe, isso deve ser mais um daqueles sonhos onde a gente sempre acorda na melhor parte. Nossa, eu não consigo tirar os olhos dela.

— Bom, acho que por hoje é só. — ela disse, olhando o seu relógio. 

— Ah, fica mais um pouquinho! — disse Pezão, com uma voz chorosa. — Eu preciso praticar mais um pouco aquele último exercício, lembra?

— E quem disse que você precisa de mim para fazer isso?

— É claro que preciso! Você me inspira.

— Safado. Eu preciso mesmo ir. Depois de amanhã eu volto para nossa próxima aula. Pratique bastante, hein! Hoje você errou quase todos meus exercícios.

— A culpa é sua. Hoje você veio ainda mais bonita. Eu perdi a concentração. — Olha o Pezão jogando xaveco furado.

Ela olhou pra mim.

— Olha só como este seu amigo é sem-vergonha! Erra meus exercícios e ainda joga a culpa em mim!

— Você vai me desculpar, mas ele tem razão. Com uma professora linda feito você eu não iria prestar atenção na aula. De jeito algum.

Ela pegou a bolsa sobre a cama do Pezão e dirigiu-se á porta.

— Homem é bicho bobo mesmo. — e saiu rindo pelo corredor.

— Espera, eu te acompanho! — gritou Pezão.

— Eu sei o caminho, não se preocupe! — ela respondeu.

Olhei para o Pezão.

— Seu filho-da-puta sortudo dos infernos!

Pezão riu, e jogou as baquetas em mim. Putz! Uma quase acertou o meu olho direito.

— Agora me responde. É ou não é a mulher mais gostosa que você já viu na sua vida?

— A mais gostosa, a mais bonita, a mais cheirosa, etc... Meu, como é que uma coisinha linda dessa não cai no meu quarto?

— Nos primeiros dias eu ficava de pau duro a aula inteira. Sem brincadeira. Eu acho até que ela percebeu algumas vezes.

— Não tem como não ficar.

— Mas é foda, cara. Ela é difícil, ou se faz de difícil pra mim, sei lá. O pior é que quanto mais ela regula mais vontade eu fico. Tem horas que eu acho que vou explodir de tanto tesão perto dela. O cheiro dela me enlouquece.

— Se eu contar uma coisa você não vai acreditar.

— Contar o quê, cara?

— Você acredita que ela estava sem calcinha?

— Vai tomar no seu cu, Nando! Como é que você sabe? Agora você tem visão de raio x?

— Seu irmão veio aqui alguns minutos antes de mim, não veio?

— Veio, e daí?

— Sabe o que ele veio fazer aqui?

— Sei lá, veio pedir uma caneta emprestada.

— Você que pensa. Ele tinha uma câmera instalada dentro do tênis.

— O quê? Ah, fala sério!

— O pirralho é foda, você sabe disso. Enquanto ele filmava tudo o que se passava no seu quarto eu estava lá no quarto dele assistindo tudo pela tevê.

— Puta merda! Então é por isso que ele estava andando meio estranho?

— Cara, ele botou o tênis entre as pernas da gostosa umas duas vezes. Deu pra ver tudo! Tudinho!!!

— PUTA MERDA!!! — Pezão se jogou na cama de tanto desespero.

— Sério. Pezão, é cabeludinha, uma delícia!

— Seu filho da puta! Não é justo! Eu queria ver primeiro! Não é justo!

— Mas o pior você não sabe.

— O quê?

— Seu querido irmão não gravou.

Pezão ficou puto da vida. Eu cheguei a pensar que ele ia jogar a bateria sobre mim. Ele só não jogou porque sem bateria ele ficaria sem a professorinha, é claro. Putz grila! Vinte minutinhos com aquela loira, era tudo o que eu precisava para ser um cara feliz. Não precisava mais nem menos, vinte minutinhos já seriam suficientes para eu ficar com um sorriso de orelha a orelha para o resto da vida.

Quando eu me preparava para abrir o portão e ir embora para casa, Pezão surgiu na janela do seu quarto e gritou:

— Já sei! Já sei!

Não entendi porra nenhuma. Larguei minha bicicleta sobre o gramado e gritei de volta:

— Já sabe o quê?

— Já sei qual será o nome da nossa banda!

Fodeu. Lá vem merda.