As Aventuras de Nando & Pezão

"Rock na Veia"

Capítulo 2 – Olá, Professorinha

— Pezão, peidamos na farofa.

— Claro que não. Por quê?

— Você não sabe tocar porra nenhuma, muito menos eu.

— E daí? Das bandinhas que estão nas paradas ... alguém sabe tocar alguma coisa?

Porra, se a gente analisar friamente... Pezão tem razão.

Uhuuuuuuuuuuuuu!!! Vamos montar uma banda!!!

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A empolgação durou pouco. Fui fazer uma visitinha para o nosso caro colega Pezão e.... Puta merda!!! O cara conseguiu tocar pior do que aquela outra vez ao telefone. Enquanto ele tocava eu não sabia se me matava ou se pedia pra alguém me matar, tudo o que eu queria era sumir dali. Dá até pena da bateria, novinha, cheia de frescuras, brilhando. Dá dó ver a pobrezinha ser maltratada daquela maneira bizarra. Mas o pior de tudo é que o nosso amigo não se liga, ele realmente pensa que está arrasando, fica naquele "tum tum ta tum tum" sem parar e acha que está tocando Enter Sandman do Metallica. Putz!!! Que dureza.

— Pára, pára, puta que o pariu, pára!!! — gritei, após suportar 3 minutos e 20 segundos de tortura.

Pezão me olhou torto, respondendo com aquele famoso dedinho escroto.

— Quero ver se você toca como eu. Senta aqui e tenta.

Dei risada.

— Porra, Pezão, qualquer macaco de zoológico deve tocar melhor que você.

— Ah, pega isso aqui e enfia no... — Pezão segurava a baqueta.

De repente uma coroa gostosa entrou no quarto.

— Olha a boca, meu sobrinho!!! — disse a coroa.

Pezão ficou meio sem-graça. Enquanto isso eu olhava a coroa. Putz! Que tia gostosona, hein!!! Eu dava uns catos.

— Desculpa, tia. Este imbecil aí fica pagando pau quando eu começo a tocar.

A coroa olhou pra mim. Meu, to gamando na velha. Olhos verdes e tudo. Bagageiro no lugar... Uma delícia. Será que ela é solteirona? hehehehe

— Não faça isso com o meu sobrinho favorito. — disse ela.

— Então pede pra ele não tocar nunca mais. — respondi, e sorri pra coroa.

Ela também sorriu, e olhou para o Pezão.

— Toca aí pra eu ouvir. Vamos ver quem está com a razão.

Putz!!! Agora o Pezão tomou no cuzão. A coroa vai sair gritando do quarto.

— Com todo o prazer, tia. — disse Pezão, todo animado, brincando com a baqueta.

Ai ai, baqueta rima com... hehehe... Caramba, a coroa está me deixando excitado. Ela sentou na cama do Pezão e cruzou as pernas. Cada coxão!!!

Pezão começou a contagem regressiva para o seu mico. Bateu as baquetas umas nas outras, dizendo "1 ... 2 ... 3 ... " e começou a apresentar seu vasto repertório de "tum tum ta tum tum" do caralho.

Os minutos foram se passando e Pezão foi se empolgando com a sua apresentação bizarra. Variava de "tum tum ta tum tum" pra "ta tum ta tum ta tum" e outras combinações, mas o resultado era sempre desastroso, eu continuava com uma puta vontade de enfiar a cabeça na privada e apertar a descarga. Olhei para a coroa e ela estava fazendo cara de cu, quero dizer, eu não percebi se ela estava gostando ou odiando. Ás vezes dava a impressão de que ela estava mesmo dormindo, ou talvez me imaginando pelado. Vai saber, né? Quem garante que a coroa não está precisando de uns tratos?

Eu contei no meu relógio, galera, Pezão maltratou a bateria por 5 minutos. Exausto, ele parou e olhou todo animadinho para a tia gostosa, perguntando-lhe:

— O que achou, tia?

Olhei imediatamente pra coroa. Se disser que gostou eu perco o tesão por ela.

— Eu conheço uma professora muito boa. — ela disse.

Hahahahaha.... tirou o Pezão!!!! O coitado não sabia nem pra onde olhar.

— Professora? Tia, mas eu....

A coroa levantou-se da cama, ajeitou o vestido naquele corpanzil todo e abriu a boca outra vez, dizendo:

— Ela é amiga do seu primo, vou pedir pra ela vir aqui lhe dar umas aulinhas. Aí você vai ficar jóia.

Pezão ficou puto da vida. Quando a coroa virou as costas ele esticou o dedão sujo pra ela.

— Professora o caralho! — resmungou ele.

— O que você disse? — perguntou a coroa.

— Nada, tia, nada.

— Bobo, você está reclamando porque não sabe quem é a professora.

Os olhos do Pezão cresceram rapidamente. A cara amarrada perdeu lugar pra habitual cara de filho-da-puta que só ele sabe fazer.

— É mesmo? É bonitona, tia?

— Façamos o seguinte, eu não vou dizer nada. Vou pedir pra ela vir aqui, depois você me conta o que achou. Combinado?

— Porra, mas eu estou tocando tão bem ...

Comecei a rir. Pezão me olhou puto da vida, e depois olhou pra coroa.

— Combinado, tia. Manda a professorinha vir aqui. Eu terei algumas aulas com ela.

— É sem-vergonha igualzinho ao pai. — disse a coroa, deixando o quarto.

Putz! Fico imaginando esta tia do Pezão com uns 20 aninhos... ai ai ... Se agora está gostosa deste jeito, imagine só!!! Quando ela saiu do quarto eu fiz a mais óbvia das perguntas:

— Caralho, Pezão, esta sua tia é solteira?

— Vai tomar no seu cu, cara! Você é chegado numa tia, hein!

— Eu só perguntei se ela é solteira.

— É sim, filho da puta, mas eu quero ver você perguntar isso pro filho dela, meu primo, o cara é faixa preta em Tae-kwon-do.

Caralho. Aí é complicado. Melhor eu voltar pra realidade.

— Nada a ver, Pezão, só fiquei curioso.

— Sei. Cuzão.

— Falando sério agora, legal você ter aceito a idéia da professora. Se queremos montar mesmo uma banda nós...

— Meu, se liga! Eu só aceitei porque eu acho que sei quem é esta tal professorinha.

— Quem é?

— Sei lá, eu acho que é uma ex-namorada do meu primo, uma que era baterista muito porra-louca. A mina era gostosa pra caralho. Só pode ser ela!

Os olhos do Pezão até brilharam.

— Bom, se ela te ensinar a tocar ...

— Ah, sim, ela vai tocar pra mim... hehehe... Isso aqui, ó! — Pezão botou a mão na virilha e agarrou tudo o que tinha direito.

Pezão filho de uma puta.

— Só pra conferir, — eu disse. — o bagulho aí continua verde?

A expressão no rosto do Pezão mudou completamente. Ele ficou puto.

— Não é da sua conta.

Hahahahaha..... continua verde!!! Hahahaha..... tomou no cu.

No dia seguinte...

Rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrring!!!!!

Puta merda, se for o Pezão querendo me mostrar uma de suas performances na bateria eu juro que jogo o telefone dentro da privada, cago em cima e dou descarga.

— Fala, Pezão dos infernos!!!

— Pezão dos infernos? Mudou? Não é mais Pezão do caralho?

— Não.

— Xiiiiiiiiii, a menina está nervosa por quê?

— Enfia o dedo no cu e assopra, cara.

— Você nem faz idéia de quem acabou de sair do meu quarto.

— O negão que dá assistência aí pra você?

— Ah, agora você resolve bancar o engraçadinho, né? Seu Zé Buceta!

— Fala logo, porra! Quem saiu do seu quarto?

— A professorinha!!!

— É mesmo?

— Opa! Meu, é ela mesma, a ex do meu primo.

— A gostosa.

— Gostosa? Bota gostosa nisso!!! A mina é tão gostosa que estou de pau duro até agora. Se eu bater o meu pau na bateria eu até tiro um som. Opa, espera aí...

Puta merda! Será que ele está pensando em fazer o que eu estou pensando que ele vai fazer??? Não, não, ah, não... "TUM!!!"

Dava pra ouvir as risadas histéricas do Pezão. Vocês sacaram o que ele fez, né?

— Deu pra ouvir??? — ele perguntou.

Nem falo nada.

— Deu pra ouvir eu batendo meu pau na bateria? — insistiu ele.

Depois dessa eu não tive escolha. Desliguei o telefone. Ah, puta merda! Você também desligaria, não? Será que só eu arranjo amigos assim? Que bosta!

Rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrring!!!

Ah, eu sabia. Enquanto eu não atender ele vai......

Rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrring!!!

Não, não vou atender. Como é que eu posso atender alguém que larga o telefone pra ir bater o pinto na bateria? Ah, tudo tem limite, né?

Rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrring!!!

Puta merda!!!

— Atende aí, Nando!!! — gritou minha mãe, batendo na porta do meu quarto.

Que bosta.

— Fala, Pezão do caralho!!!

— Porra, é Pezão dos infernos ou Pezão do caralho? Decida-se!

— Fala logo, meu! O que você quer?

— Eu queria dizer que a idéia de montarmos uma banda continua de pé.

— Ah, sei lá. Eu acho que não vai dar certo.

— Vai sim, Nando! A gostosa me ensinou bastante coisa, além disso o irmão dela é baixista e está procurando uma banda. Porra, demorou!!!

— Ainda falta um vocalista e um guitarrista.

— O irmão do Mamute toca guitarra, não toca?

— Acho que sim.

— Pronto!!! Morreu.

— E o vocalista?

— Oh, filho da puta, é você!!!

— Eeeeeeeeeeeeeeeeu???

— Porra, você não lembra daquele caraokê lá no churrasco da Mariana?

— Muito pouco, nós tomamos tanta pinga que eu nem me lembro direito. Teve caraokê?

— Teve, porra! Eu nem queria lhe dizer isso, mas você mandou muito bem.

— É mesmo? Ah, fala sério! E eu cantei o quê?

— Eu gostei das músicas dos Titãs que você cantou, mas a galera se amarrou mesmo quando você cantou "Pensa em mim, chore por mim, liga pra mim... ".

— Ah, vai tomar no seu cu!!! Se eu cantei isso eu enfio minha cabeça na privada e dou descarga.

— Não fala isso, hein!!!

— Sem brincadeira, enfio mesmo.

— Então pode mergulhar o cabeção no vaso.

— Por quê?

— Por que eu estou com a fita de vídeo do churrasco aqui em casa. Está tudo gravado.

— Puta merda!!! Fala sério, meu!

— Espera só um momentinho.

Um minuto depois...

— Escuta isso, cara. — disse Pezão.

De repente ouvi alguns gritos ao fundo, era a televisão, Pezão colocara a fita do churrasco no vídeo-cassete. Agora o volume estava no máximo.

— Puta merda, você está de gozação comi....

"Pensa em mim, chore por mim, liga pra mim, não, não liga pra ... "

Puuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuta merda!!!

— Fala sério, Pezão, este aí sou eu ???

— Acredite se quiser, é você mesmo.

— Mas a minha voz está diferente!

— Depois de tanta caipirinha você queria o quê?

— Não estou acreditando.

— Então vem aqui pra você assistir a fita!

— Caralho, sou eu mesmo?

— Até que você mandou bem, não acha?

— Bom, a música é um lixo, mas eu tenho que admitir... gostei da minha voz.

— Pronto. Não falta mais ninguém. Eu detono na batera, o irmão do Mamute apavora na guitarra, o irmão da gostosona entra com o baixo e você arrisca alguma coisa no microfone. É nóis na fita, malandro. Firmão???

— Acorda, Pezão, sóbrio eu não canto porra nenhuma!

— Foda-se, a gente compra pinga pra você, não se preocupe. O importante é a gente tocar e apavorar a mulherada depois.

— É, sei lá, pode ser.

— Se liga, Nando!!! Você ainda terá a vantagem de ser o vocalista, que geralmente é o cara que come mais fãs.

— Opa, é verdade!!!

— Filho da puta, agora você se animou!!!

— Claro! Quando a gente começa a ensaiar?

— Calma, ainda está faltando uma coisa.

— O quê?

— Porra, o nome da banda!

— Porra, é verdade, o nome da banda.