As Aventuras de Nando & Pezão

"Dona Mirandinha"

Capítulo 3 – "Um Antigo Sonho Pode Virar Realidade"

— Caralho, Pezão! Mas que diabo de sonho é este que você está falando? Do jeito que você fala parece até coisa de gay!

— Puta merda, cara! Esqueceu? Aquele nosso sonho de fazermos ...

— O nosso próprio filme pornô?

— Aaaaaaaaaooooooooo!!! — gritou Pezão, chamando a atenção de toda a rua. — Isso aí, brother! Lembrou, né? Cabação.

Como eu fui me esquecer do nosso sonho? Quando entramos na puberdade e começamos a alugar filmes de sacanagem nós fizemos a promessa de que um dia faríamos o nosso próprio filme. É claro que os anos foram se passando e a idéia foi ficando meio ridícula. Espera aí... ridícula por quê? Eu ainda quero fazer um filme pornô!!! Ridícula o caralho!!!

— Mas como vamos fazer isso? — perguntei em voz baixa, minha mãe estava se aproximando.

— Muito simples, cara. A casa nós já temos.

— A casa da velha? — Minha mãe pareceu ter ouvido, mas não deu atenção, prosseguiu seu caminho e entrou pela porta da sala.

— Claro! Na minha casa é que não vai ser, né?

— Meu, e a câmera?

— Lembra do Pedrinho Pau-no-cu ?

Comecei a rir. É praticamente impossível não rir quando ouço este nome. Pedrinho Pau-no-cu. Putz! Nem preciso dizer que é uma figuraça, né? Ah, já sei, estão curiosos pra saber o motivo do "Pau-no-cu". Bom, na verdade é uma história que eu não gosto muito de lembrar, afinal de contas eu sempre sinto uma pontada no cu quando começo a relembrar aquela tarde. Mas como eu nunca escondo nada de vocês eu vou contar. Estávamos jogando "Taco" lá na rua de casa, tudo corria bem, até que Pedrinho tropeçou em alguma coisa e caiu sentado no ... taco. Putz! Ai que dor! Senti novamente a pontada no cu. Eu sempre sinto quando conto esta história. Pedrinho foi levado para o hospital com o taco enterrado no rabo. Dizem que seu ânus levou 43 pontos. Putz! Até hoje eu me pergunto como aquilo foi acontecer. Como foi possível? Caramba, este mundo é mesmo repleto de mistérios. Acho que o mais importante é respeitarmos estes mistérios, não devemos desafiá-los. Até hoje eu me lembro da história do meu amigo Manoel, mais conhecido como Urubu Sarnento. Grande Mané Urubu, como era chamado na intimidade. Querem saber o que ele fez? Mané é daqueles caras que não acreditam em nada, tipo a Scully nos primeiros anos de Arquivo X. Certo dia, numa rodinha de amigos, nós conversávamos sobre um assunto de extrema importância para a humanidade: gases intestinais. Cada um tinha a sua teoria sobre os gases. Pezão era um dos que defendiam a tese sobre o arroto ser um peido oral. Loucura? Pode até ser, mas como já estávamos totalmente embriagados até que fez sentido para mim, tanto que apoiei esta teoria. Bom, conversa vai e conversa vem, de repente alguém disse que se você ascender um isqueiro próximo ao cu no momento exato do peido ... a pessoa poderia se tornar um lança-chamas humano. Todos ficaram pasmos e fascinados com aquela informação. Até hoje me lembro daquele "ooooooooohhhh". Ficamos impressionados com a sabedoria do nosso companheiro, o qual não consigo me recordar agora. Mas o fato é que Mané Urubu não acreditou, e ainda ficou furioso por nós termos acreditado naquela baboseira de lança-chamas humano.

— Puta merda! — gritou Mané, batendo com a mão direita na mesa cheia de copos de cerveja. — Lança-chamas humano o caralho! Onde foi que você ouviu isso?

Neste momento alguém retirou um isqueiro do bolso da calça e o colocou sobre a mesa.

— Mostra aí pra gente então! Vamos ver se é verdade ou mentira!

— É, isso aí! — lembro-me de ter gritado. Acho que gritei, nem me lembro direito, eu já estava bebaço.

Mané não fugiu, pegou o isqueiro da mesa e disse:

— Cambada de idiotas! Lança-chamas humano... — e deu uma tremenda gargalhada. — Só idiotas como vocês para acreditarem nisso.

Mané sentou com as pernas abertas sobre a cadeira do bar e colocou o isqueiro próximo ao cu. As pessoas das mesas ao lado pararam o que estavam fazendo e direcionaram seus olhares para ele. De repente o bar inteiro o observava atentamente. Até hoje eu agradeço a Deus por ter me permitido estar ali para ver aquilo de tão perto, caso contrário eu nunca acreditaria. Caro amigo, foi real, Mané Urubu fez tanta força, mas tanta força que soltou um dos maiores peidos da face da terra. Puta merda, e as chamas!!! Sim, houve uma rajada de fogo digna dos filmes de Hollywood. Mané incendiou o bar. Pessoas correram desesperadas, jogando mesa, cerveja e tudo mais para o alto. Pobre Mané, o cara continua pagando pelos estragos do bar até hoje. Seu cu? Dizem que ele perdeu naquela noite, sei lá. Uma rajada de fogo como aquela saindo direto do seu ânus não deve ser nada refrescante. Pobre Mané. Agora Mané Lança-chamas, para os íntimos.

Sei que vocês devem estar preocupados comigo, né? Afinal eu estava lá, eu poderia ter morrido carbonizado. Não se preocupem, não sofri nenhum arranhão. Eu bebo sim, mas em momentos de perigo eu corro feito um condenado. Pezão sofreu algumas leves queimaduras, mas nada sério.

— Pedrinho Pau-no-cu. É claro que me lembro. Ele ainda trás aquelas tranqueiras do Paraguai?

— Opa, é claro! — os olhos de Pezão até brilharam.

Já saquei tudo. Vocês também já sacaram?

— Adivinha o que ele trouxe da última vez que foi lá? — seus olhos ainda brilhavam.

— Câmeras de vídeo. — eu disse, esfregando as mãos e fazendo cara de Dr. Evil.

— Sim, um monte. Todas minúsculas, cara! 

— Eu sei, estes malditos japoneses são foda. Eles fazem tudo bem pequeno.

— É verdade, igual ao pau deles.

Ambos caímos na gargalhada. Minha mãe passou por nós repentinamente, dizendo:

— Xiiiiii. Boa coisa não pode ser.

Continuamos a rir. Quando ela se afastou prosseguimos com nossa conversa.

— Mas eu não tenho grana pra comprar câmera, Pezão!

— E quem disse que vamos comprar?

— Não vamos? O Pau-no-cu vai nos emprestar?

— Sim, mas com uma condição.

— Qual?

— Ele também quer participar do filme.

— Ah, é justo.

— Além disso vai ser engraçado pra caralho ver o Pau-no-cu comendo alguém.

Comecei a rir histericamente, assustando um garotinho que passava de bicicleta sobre a minha calçada. Eu só parei de rir quando me dei conta de uma coisa. Bom, acho que você também já deve ter se lembrado deste pequeno detalhe, né?

— Pezão, e mulher? Onde vamos achar biscate pra fazer o filme? 

— Porra, Nando, acorda! Biscate é o que mais tem aqui nesta bosta de cidade.

— Eu sei disso, caralho, mas não é qualquer biscate que topa ser filmada! Não pensou nisso?

— A mulherada adora isso, cara. Vai por mim.

— Sei não, cara. Isso pode dar rolo.

— Sossega, Nando. Se não toparem a gente deixa elas de porre e aí tudo vai dar certo. Porra, as câmeras são tão pequenas! Elas nem vão notar. Qualquer coisa a gente diz que são vibradores de última geração. Fica frio.

— Quantas biscates você está pensando em levar pra lá?

— Acho que umas três. Cada um come uma e depois a gente revesa. O que acha?

— Boa idéia. — respondi imediatamente, afinal eu sigo aquela velha teoria: 1 Mulher é pouco, 2 Mulheres é bom e 3 é BOM DEMAIS!!!! — Cara, nem estou acreditando que a gente vai mesmo fazer isso?

— Ah, a gente vai sim, nem que eu tenha que pagar umas putas. Ou vai ou racha. Nosso sonho será realizado.

— Iiiiiiiiiiissa!!!! Gostei de ver, Pezão!

— É nóis na fita, mano.

— É nóis na fita, pode crer.

Aaaaaaaaaaaaaaaaaaoooooooooooooooo!!! Suruba!!! Uhuuuuuuuuuuuuu!!!

Eu sempre tive vontade de saber como é uma suruba. Agora eu vou saber, e mais, vou ter tudo gravado em fita VHS!!! Puta merda, vai ser demais. É claro que eu vou ser obrigado a apagar as cenas em que o bundão branco do Pezão aparecer na tela, né? Ou talvez eu junte todas estas cenas e mande para a Bandeirantes passar no Cine Sinistro. Sei lá... hehehe.

O foda vai ser achar as 3 biscates pro filme, não vai ser tão fácil como o Pezão está achando. Eu estou numa fase podre, não estou conseguindo comer ninguém, meus xavecos estão meio furados e minha auto-estima está baixa. Pra piorar a situação as Pé-Vermeio que costumam dar sopa nós já traçamos praticamente todas. Não vai ser tão fácil assim. Meu caderninho de telefones tem um número razoável de mulheres, mas aposto que 99,99 por cento bateriam o telefone na minha cara ao fazer a proposta. Será que Pedrinho Pau-no-cu conhece umas biscatonas gostosas? Tomara!!!