As Aventuras de Nando & Pezão

“O Primo”

Capítulo 5 – Empolgadaço

— Você tem um tesouro enterrado no seu quintal! — disse Pezão, rindo.

— Não.

— Assassinou umas trinta mulheres e enterrou os corpos no seu quintal!

— Hã? Também não. Você é louco, primo?

— Eu não, mas você tem uma carinha de psicopata.

— Desembucha logo, porra! — disse eu. Perdi a paciência.

— Tudo bem — e Jibóia respirou fundo. — Eu ...

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— ... eu sou virgem.

Puta merda!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

— Caralho, primo!!! — Pezão falou tão alto que todo mundo no hospital deve ter ouvido.

Jibóia ficou vermelho. Parecia um pimentão.

— Meu, como você conseguiu ficar sem buceta? — perguntei ... "sutilmente".

— Tenho duas mãos, Nando.

— Não tem nem comparação, porra!!!

— Primo, não tem nada melhor do que uma xo ...

Neste exato momento entrou uma enfermeira deliciosa no quarto. Meu, eu não sabia que existiam enfermeiras tão gostosas assim na vida real! Uma loira peituda de tirar o fôlego. É claro que nós três ficamos de olhos arregalados pra enfermeira.

— O que foi? — perguntou ela, abismada com toda a atenção.

— Tem mais de onde você veio? — perguntei, sorrindo pra ela.

— Como assim?

Putz!!! Loira burra é foda.

— Meu amigo tentou te passar uma cantada — disse Pezão, ironicamente. — E muito tosca, diga-se de passagem.

E a loira caiu na risada, parecia uma hiena fazendo strip-tease com gases.

— Sério? — disse ela. Gostei do jeitinho dela, meio tímido. — Desculpa, eu sou muito distraída mesmo.

Jibóia arregalou os olhos.

— Distraída? — disse ele. — Não é você que cuida da minha medicação, é?

Agora a loira quase molhou a calcinha de tanto rir.

— Não — disse ela. — Eu vim apenas avisar que o horário de visitas acabou.

— Nós já estávamos de saída — falei, piscando pra ela.

E a enfermeira olhou para o Jibóia.

— Ah, e tenho uma notícia boa pra você: o doutor me disse que você terá alta hoje mesmo.

— Que boa notícia.

Putz! Jibóia falou de um jeito tão triste. Fiquei com pena do cara. Não deve ser fácil estar com os dias contados. E pior ... morrer sem nunca ter chupado uma buceta!

A loira saiu do quarto e todos nós ficamos admirando seu lindo e exuberante traseiro.

— Os médicos daqui devem fazer a festa, hein! — disse Pezão.

— Sei lá — disse Jibóia, ainda mais deprimido.

— Ânimo, Jibóia!!! — falei, tentando animar o coitado.

— Do que me adianta isso? Posso morrer daqui a vinte segundos.

— Não vai não! — falei de forma decidida.

Jibóia me olhou estranho.

— E como você sabe disso?

— Você vai foder hoje.

— Mas ele já está fodido, Nando — disse Pezão.

— Eu quis dizer que ele vai comer alguém hoje, seus idiotas.

— Sério? — disse Jibóia, bem mais animado.

— Meu, eu não acredito que você vai dar a bunda pro Jibóia.

— Porra, Pezão, vai se foder!!! Não sou eu que vou dar pra ele, caralho!!!

— Então quem, a minha irmã?

Agora Jibóia acordou de vez. Vocês precisavam ver os olhos do cara, brilhavam mais que pisca-pisca de árvore de natal.

— Será que ela toparia? — disse ele, rindo de orelha a orelha. — Mesmo que por caridade, né? Será que toparia, hein? Será?

Pezão e eu começamos a rir.

— Eu não apostaria suas fichas nisso não, cara. — falei.

— Nem eu, primo.

Jibóia ficou triste outra vez.

— Não desanima não, porra! — falei. — Eu falei que você vai comer alguém, então você vai comer alguém e pronto. Já está decidido.

— Mas quem?

— Isso eu ainda não sei. Mas fica frio. Você não vai morrer sem chupar uma buceta, isso eu "agarântio".

E deixamos o hospital. Jibóia não saiu com a gente, pois teria alta só no final da tarde. Parece que ele precisava fazer alguns exames ainda.

— O que você está planejando? Levá-lo pra zona?

— Pensei nesta hipótese, mas sei lá ... A gente poderia tentar uma balada antes de apelar pro zonão.

— Você acha mesmo que o cara vai conseguir pegar alguém?

Pezão começou a rir sem parar.

— E por que não?

— Sei lá, não comeu ninguém até hoje ... Por que comeria justo agora?

— Pense bem, ele não tem mais nada a perder. O cara pode ir numa balada e xavecar todas. O que vier já será lucro, seja filé ou pé-vermeio.

— Bom, isso é verdade.

— Como é mesmo o nome daquela choperia que abriu semana passada?

— Brusque.

— Isso! É lá que vamos levar o Jibóia. Ouvi dizer que a mulherada está caindo em peso lá.

— Demorou então! O coitado não pode morrer sem chupar uma buceta.

— Claro que não, porra! É direito de todo cidadão homem do sexo masculino que possui seu bilau saudável e em dia com as prestações do carnê do baú, porra!!!

Jibóia teve alta naquela tarde, mas voltou para a casa do Pezão meio grogue por causa dos remédios. Sua mãe queria levá-lo de volta para Volta Redonda de qualquer jeito, mas é claro que ele decidiu ficar. Garoto esperto, né? Hehehe ...

Então combinamos que assim que ele se sentisse melhor, nós colocaríamos o nosso plano em ação. Quero dizer, se ele não morresse antes, né? Coitado do cara.

Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimmmmmmmmmmmmmmmmm!!!!

Puta merda! O que o Pezão quer comigo a esta hora? Será que o primo bateu as botas antes de ... ?

— Fala, Pezão dos infernos.

— Não é o Pezão. Sou eu, o Athirson.

— Athirson? Que Athirson?

— O Jibóia, cara!

— Está vivo, meu filho?

— Opa, vivíssimo!

— Gostei de ver, hein! Empolgadaço.

— Nunca me senti tão vivo em toda a minha vida, Nando.

Caralho! O cara ainda não comeu ninguém e já está assim. Imagine depois então!!!

— É isso aí, Jibóia. Pensamento positivo e confiança. A mulherada adora isso, cara.

— Sério?

— Pode apostar.

— Eu só liguei pra avisar que estou em ponto de bala.

— Já deu pra notar — e comecei a rir feito um louco. — Acho até que está de pau duro.

— Sim, estou mesmo.

— Porra, Jibóia! Pára com isso, cara! Agora não, caralho!

— Não consigo evitar, cara. Desde aquela nossa conversa lá no hospital, estou sempre de pau duro.

— Vai com calma, mano. Se gastar os cartuchos agora, pode faltar na hora H.

— Sério, Nando?

— Vai por mim. Toma um banho frio, sei lá! Mas acalma o moleque aí.

— Beleza. Pode deixar. Mas e aí, vamos sair esta noite então?

— Claro, vamos sim. Mas pega leve, hein! Homem de pau duro não entra no meu carro, porra!!!

Jibóia começou a rir. E desligou o telefone.

Dois minutos depois, Pezão me ligou.

— Fala — atendi.

— Maldita hora que você foi dar esperanças pro cara.

— Por quê? O pobre coitado está tão contente, nem parece que vai morrer.

— Pois é, mas está contente até demais!

— Já percebi — e caí na gargalhada, tipo uma hiena tirando pulga do saco.

— Meu, o cara anda pra lá e pra cá de pau duro o dia todo! Não agüento mais!

Minha gargalhada triplicou de intensidade. Quase engasguei.

— Dá o rabo pra ele que resolve, oras!

— Nando.

— O quê?

— Enfia o dedo no cu e assovia o hino da Coréia, seu porra!!!

E Pezão desligou o telefone na minha cara, puto da vida.