As Aventuras de Nando & Pezão

“O Primo”

Capítulo 9 – A Volta dos que Não Foram

Porra, eu ainda tinha esperanças de que fosse os cartão de crédito do pai dela, e que a Val fosse usá-lo para pagar os estragos no meu carro. Bom, deixa quieto então.

— Vamos? — disse ela, apontando para o jardim da mansão.

— Espera aí, e os dois? — falei, apontando para o Opala.

— Eles podem vir com a gente, se quiserem.

Val acalmou os dobermans e nós quatro adentramos a mansão.

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O tio da Val pode ser rico, mas tem um mau gosto dos infernos! Entrei na sala e dei de cara com um sofá horroroso, feito com pele de algum animal exótico. Nas paredes, quadros com figuras bizarras, para não dizer demoníacas. Detalhe: a cor das paredes é vermelho sangue. Eu, hein! Isso aqui é uma mansão ou centro de umbanda?

— Chique, não? — disse Val.

— Um pouco esquisito para o meu gosto — falei, sendo bem sincero.

— Seu tio é bicheiro? — perguntou Pezão, sério.

Val caiu na gargalhada, parecia uma hiena dançando numa rave.

— Bicheiro? — disse ela. — Não, nada a ver.

Jibóia não tirava os olhos de uma estátua de um casal fazendo sexo. A peça de mármore era tão real que dava a impressão de que estavam ali na sala mandando ver.

— Calma, sua hora vai chegar — falei, dando dois tapinhas no seu ombro.

Ele me olhou desanimado, dizendo:

— Será? Hoje já não dá mais tempo. Acho que vou morrer virgem mesmo.

Val arregalou os olhos para o Jibóia.

— Como é que é? VIRGEM?

Pobre Jibóia, ficou mais vermelho que um pote de catchup. Ele nem conseguiu forças para dizer nada. Tive que fazer por ele.

— Sim, mas a gente já está providenciando uma solução.

Val olhou para o Jibóia da mesma forma como uma criança olha para um palhaço pela primeira vez: um misto de medo e excitação.

— Vocês estão zoando com a minha cara — disse ela, colocando as mãos na cintura. — E aquela história de alergia a chuva também era brincadeira, né? Vocês não prestam.

— Eu disse que ela não iria acreditar, seus bostas! — disse Jibóia, ainda meio envergonhado.

Coitado do cara, não agüentou os olhares da Val e veio com esta desculpa fajuta. Bom, mas parece que vai colar.

— Homem é bicho bobo mesmo — disse a Val, balançando a cabeça. — Virgem! Até parece! Se você tivesse uns 17 aninhos isso seria até um charme, confesso que eu ficaria tentada a dar um jeitinho nisso. Mas velho desse jeito! Ah, se liga, mané!

E Val me puxou pelo braço. Quase deslocou meu ombro. Doeu pra caralho!

— Ai! Ficou louca, mulher?

— Louca de tesão. Vem!

— Aonde vocês pensam que vão? — disse Pezão.

— Assistir TV é que não é!

— Porra, então me dá a chave do carro! Eu não vou ficar aqui e ...

— Está vendo aquela porta? — e Val apontou para uma porta lá do outro lado da sala. — Qualquer bebida que você imaginar, lá você vai encontrar. Fiquem à vontade.

Pezão arregalou os olhos para a porta.

— Sério?

— Seríssimo. Podem tomar o que quiserem.

Pezão nem pensou duas vezes, correu na direção da porta.

— Seu tio não vai ficar puto? — sussurrei no ouvido dela.

— Ele nem vai notar. Aquilo lá é enorme.

Porra, agora quem ficou com vontade de ir lá fui eu. Uma garrafinha de Ice gelada cairia muito bem agora! Mas nem tive tempo para sugerir coisa alguma, Val me puxou pelo braço outra vez.

— Vai com calma, minha filha! Quer que eu fique sem braço?

— Sem braço eu nem me importo. O que eu quero de você é outra coisa.

E ela sorriu gostoso para mim.

Subimos uma longa escadaria. O corrimão parecia ser feito de marfim, muito bonito. Acho que a foi única coisa de bom gosto até o momento.

Nos cômodos superiores o mau gosto voltou. Paredes pintadas com cores escuras. Desta vez nenhum quadro. Os móveis eram grandes, porém feios. Estátuas eróticas havia aos montes.

— Seu tio é casado?

— Não.

— Ele mora sozinho nesta mansão enorme?

— Que obsessão é esta? Você quer transar comigo ou com ele?

— Só estou tentando entender como alguém consegue morar sozinho numa ...

Val me deu um beijo daqueles de levantar até defunto.

— Esquece o meu tio, Nandinho. Se a noite na choperia for boa, ele não vem pra cá tão cedo. Teremos a mansão todinha só para nós dois.

Sorri para ela, ainda excitado com o beijo maravilhoso.

Val começou a se despir. Primeiro arrancou a blusinha, seus peitinhos ficaram à mostra; nem grandes demais, nem minúsculos, eu diria proporcionais ao seu corpinho. Em seguida desceu a saia lentamente, provocando, de um jeito que só as garotas experientes sabem fazer. A calcinha era branca, cheia de florzinhas coloridas. Meu tesão veio a mil! Arranquei a minha camisa e tirei minha calça num estalar de dedos. Fiquei só de cueca. A barraca estava armada, se é que vocês me entendem.

— Que apetite, hein! — disse a Val, salivando. — Tira a cuequinha, tira!

— Não — respondi, sério.

— Não?

— Não — e apontei para a calcinha dela. — Primeiro as damas, né?

Ela caiu na gargalhada. Colocou as mãos na cinturinha e disse:

— Bobo!

Putz grila! Foi o melhor banho que eu já tomei na minha vida. Se eu soubesse que dava para fazer tantas coisas debaixo de um chuveiro, já teria feito há muito tempo!

Ah, fiquei com outra dúvida: isso aqui é uma mansão ou um motel? Meu, no banheiro tinha uma gaveta com pelo menos umas duzentas camisinhas, de todos os tamanhos, cores, sabores e marcas. O tio da Val sabe viver a vida. Estou sentindo uma pontinha de inveja deste filho da puta.

Quando eu pensei que iria descer as escadas para tomar alguma coisa, Val me puxou novamente pelo braço e me arrastou para a banheira. Ela queria brincar de submarino. Eu não fazia a menor idéia de como seria isso, até que ela afundou seu rosto debaixo da água e ... é isso mesmo que vocês estão pensando. Só não me pergunte como ela conseguiu fazer sem se afogar.

Bom, coisas de uma garota experiente, né?

De repente um susto. Ouvi um estrondo vindo lá debaixo.

— O que foi isso? — perguntei, olhando para a porta do banheiro.

— Não ouvi nada, Nandinho.

— Como não? Parece até que foi tiro.

— Não inventa.

E ouvi passos cada vez mais próximos.

— Vem vindo alguém — falei, meio apreensivo.

— Deve ser aquele seu amigo com cara de Maníaco do Parque. Aquele rapaz não bate bem da ...

Um baixinho atarracado saltou dentro do banheiro, apontando um revólver na nossa direção.

— Valeriana? — gritou o baixinho, olhando assustado para a Val.

— Tio?

Val ficou vermelha feito um pimentão. Colocou as mãos sobre os seios e tremia mais que gelatina.

O baixinho abaixou o revólver e limpou o suor de seu rosto.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou ele.

— Tio, será que não é óbvio o suficiente?

O cara olhou feio para mim. Eu estava imóvel e bem assustado, afinal de contas estou nu na sua banheira e comi sua a sobrinha. E mais ... o cara está armado! Não é uma situação muito cômoda.

— E quem são aqueles dois idiotas lá embaixo?

— Meus amigos — disse a Val.

— Quase estourei os miolos dos dois — disse o baixinho, na maior tranqüilidade.

— Atirou neles?

— Eu pensei que fossem bandidos, porra!

— Mas eles estão bem?

— Sim, estão todos borrados de merda, mas pelo menos estão vivos.

Val não resistiu e caiu na gargalhada. Eu continuei imóvel e assustado.

— Você devia ter me avisado que estaria aqui, meu anjo — disse o baixinho.

— Desculpa, tio. Tem mais alguém com você?

— Sim, e é justamente por causa disso que você deveria ter me avisado a respeito da sua visitinha surpresa. — acho que ele percebeu o meu pavor. Olhou para mim e disse: — Fica frio, rapaz. Não vou atirar em você também.

— Fico feliz em saber — disse eu, tentando me acalmar.

— Vocês estão namorando? 

Antes que eu respondesse não, Val beliscou meu traseiro debaixo da banheira. Algo me diz que não seria uma resposta muito adequada. Então ...

— Sim, estamos — disse eu, com a maior cara de pau do mundo.

— Val, se fosse outro dia eu não me importaria, mas vou ter que pedir para vocês irem embora Tenho negócios importantes a tratar. Há pessoas lá embaixo me esperando.

— Tudo bem, tio, já estávamos de saída mesmo.

— Você me entende, né?

— Claro, tio! Ah, só uma coisinha ...

— Fica sossegada. Não vou contar nada para a sua mãe..

Val abriu um sorrisão de orelha a orelha.

— E você — disse o baixinho para mim. — ,cuida bem da minha sobrinha favorita, hein! Ou ... — e o maldito mostrou a arma para mim.

— Sim, senhor.

Acho que mijei na banheira.

Nunca me vesti tão rápido na vida.

— Seu tio é gente boa; apesar de ter me ameaçado com uma arma.

Val sorriu, enquanto ajeitava seus cabelos diante do espelho do banheiro.

— Eu gosto muito dele. Nem parece que é irmão da minha mãe. São tão diferentes!

— O que ele faz da vida? Para morar numa mansão como esta, deve ser algo muito rentável.

— E é mesmo.

Fiquei olhando para ela, esperando que me contasse qual a profissão do tio, mas nem sinal.

— Ele é assaltante de banco, não é?

— O quê? Não, nada a ver.

— Mafioso então.

— Ficou maluco? Se fosse um mafioso, você acha que ele deixaria você sair vivo daqui?

— Bem pensado. Mas o que ele faz da vida então? Conta pra mim. Quando eu crescer, quero ser como ele.

Val caiu na gargalhada.

— Você é muito fofo, Nandinho!

Puta merda. Mas pra que tanto segredo assim? Eu, hein!

Começamos a descer a escada e Val sussurrou algo no meu ouvido:

— Café o quê? — perguntei. Não entendi direito o que ele disse.

— Cafetão — repetiu ela, baixinho.

— Cafetão?

— Fala baixo!

— Seu tio é cafetão? Sério?

Val balançou a cabeça afirmativamente.

Porra, mas é claro! Como é que eu não pensei nisso antes?

Continuamos descendo a escada. Lá debaixo eu ouvia vozes masculinas. Pelo que eu pude perceber, conversavam em outro idioma: inglês.

— Está cheio de gringos na sala — sussurrei no ouvido da Val.

— São os melhores clientes do meu tio. Quero dizer, só perdem para os alemães.

Quando chegamos na sala, a situação era a seguinte: havia uns 6 gringos sentados no sofá, todos eles com cara de cachorro no cio.

O tio da Val veio de mansinho na nossa direção.

— O carro preto lá fora é seu?

— Sim, é meu.

E o tio da Val começou a me revistar.

— O que é isso? — disse eu, assustado.

— Calma, rapaz, é só por precaução. Se você estiver limpo, nada irá lhe acontecer.

— Como assim limpo?

— Ele não é policial, tio! — disse a Val, apreensiva. — Pode confiar em mim.

Imediatamente o tio dela parou de me revistar.

— Tudo bem então. Perdoe-me.

— Sem problema — disse eu.

Neste momento entraram umas oito garotas na sala. Uma mais gata do que a outra! Eu nunca tinha visto nada igual na minha vida. Eram três loiras, três morenas, uma ruiva e uma mulata.

Estavam todas de cinta-liga e um roupãozinho transparente por cima. Eu pirei!!! Não consegui tirar os olhos de cima delas. Era a visão do paraíso.

Val me deu um puta beliscão. O beliscão foi tão forte que eu acabei dando um grito. Quando eu gritei, as garotas olharam para mim.

E foi aí que eu quase desmaiei. Uma das garotas era a minha querida, amada e "falecida?" ... Caroline.