As Aventuras de Nando & Pezão

“Mistério Misterioso”

Último Capítulo – A Vingança 

Nem tive tempo para pensar no que teria acontecido com o gordo, pois um vulto surgiu diante da porta, fazendo o meu coração acelerar ainda mais.

— Assustados? — disse o homem. 

A luz é fraca demais e não pude vê-lo direito. O homem aproximou-se mais, e apontou para mim, dizendo:

— Você é o que tem mais motivos para ficar assustado.

Agora eu pude ver melhor, é o maluco da cicatriz.

Putz!!! Fodeu. De hoje eu não passo. Adeus, mundo cruel.

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Quanto mais perto o maluco ficava, mais eu sentia que já o conhecia. Mas não consigo me lembrar de onde!!!

De repente o maluco olhou para o Pezão e disse:

— Olha, você também está nos planos dela.

Dela? Dela quem? Que planos são estes? Meu, este cara é mais doido do que eu imaginava. Ou será que este filho da puta tem alguma relação com Ubatuba?

Putz!!! Agora eu acho que caguei na calça.

O pior de tudo é saber que eu conheço este desgraçado, mas de onde? De onde???

Minha memória deu nós e mais nós, até que de repente o maluco ficou de perfil, e senti um puta estalo na minha cabeça ... LEMBREI!!!!

Meu, vocês não vão acreditar ... o filho da puta da cicatriz é aquele cara esquisito que estava no banheiro da pizzaria. Lembram? É o esquisitão que largou um pinto na privada e saiu de fininho. É ele!

Mas continuo tão confuso quanto antes. O que ele quer comigo? O que foi que eu fiz para deixá-lo tão irritado? Será que comi a filha dele e não liguei no dia seguinte? Ou pior ... será que comi a esposa dele e liguei no dia seguinte?

Bom, vamos raciocinar um pouco ... ele já deixou escapar que tem mais alguém por trás disso tudo, não é? Sim, uma mulher, a mulher do plano. Será a tia do Pezão? Não, nada a ver. Acho que já sei quem é. Só pode ser ela ... a mãe da Caroline, madrasta do guri assassinado no orfanato. É ela que está por trás disso tudo.

Mas esperem um pouco ... Foi ela que matou ao própria filha a vassouradas, não foi? Claro que foi. Então o que ela quer comigo? A culpa foi dela, não minha!!! Na verdade sou eu que deveria estar puto da vida com ela, não o contrário!!! Não concordam comigo?

Porra, do que me adianta vocês concordarem ou não, né? Sou eu que estou amarrado e aguardando a morte.

Celular tocando. O maluco da cicatriz atende.

— Onde você está? — diz ele, um pouco nervoso. — Já? Ótimo. Sim, estão todos aqui. — ele disse isso olhando para mim. — Tive que matar a velha, dona da casa. Ah, e matei um deles também.

Caraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaalho!!! O Mamutão morreu? Não é possível ... puta que pariu. Percebi Zoinho chorando. Pezão não derramou uma lágrima, mas vi em seus olhos que ele ficou abalado com a notícia. Eu já estava apavorado há muito tempo, imaginem agora.

E o maluco saiu correndo e nos deixou sozinhos no porão.

Nós três ficamos nos olhando apavorados, certos de que a morte para cada um de nós será apenas uma questão de tempo. Só espero que seja rápida.

Zoinho chorava sem parar, a gola de sua camisa estava toda molhada de lágrimas.

Alguns minutos depois, o maluco voltou. E voltou acompanhado de uma mulher.

Sim, eu matei a charada ... é ela mesma, a mãe da Caroline.

A desgraçada está um pouco diferente. Seu rosto está com algumas queimaduras, mas é ela sim. Eu jamais me esqueci da foto dela no jornal, quando fizeram uma reportagem inteira a respeito da morte da minha amada Caroline.

A maluca ficou me encarando por um longo tempo. De repente ela foi chegando mais perto, mais perto, e arrancou o esparadrapo da minha boca. Senti uma vontade enorme de cuspir na cara dela, mas não tive coragem suficiente. Não seria inteligente irritar alguém que tem total controle sobre você, não é?

— Finalmente peguei vocês — disse a maluca, enquanto puxava o esparadrapo da boca do Pezão também.

— Socorro!!! — gritou Pezão, apavorado. — Alguém aí fora, ajuda a gente!!!

O maluco da cicatriz caiu na gargalhada, depois disse bem calmo:

— Pode gritar o quanto quiser. O porão desta casa é bem isolado. Pensando bem, acho até que vou pegar a casa pra mim. A velha está morta mesmo, não é?

E o filho da puta soltou outra gargalhada, parecia uma hiena serial-killer.

Meu ódio acumulou-se de tal forma que saiu num desabafo:

— Assassina!!! — gritei, encarando a mãe da Caroline.

A maluca arregalou os olhos e ficou me olhando com desprezo. De repente ela me deu um tapa no rosto. O tapa pegou em cheio, derrubando-me no chão. Como eu estava bem amarrado à cadeira, tombamos eu e a cadeira juntos.

— Vocês tiraram de mim a única coisa boa que eu fiz em toda a minha vida — disse a doida varrida, ainda olhando fixo para mim, com o mesmo ar de desprezo.

— Foi você que matou a Caroline!!! — disse eu, cheio de dores.

— Caroline? Dane-se a Caroline!!! Eu a odiava desde que ela nasceu. Eu estou falando da Carolina, minha linda Carolina!!!

Meu, nem queiram saber o ódio que eu fiquei da maluca ... A sorte dela é que eu estava muito bem amarrado, caso contrário teria voado no pescoço dela e sufocado a doida varrida até a morte. Sempre desconfiei que a morte da minha Caroline não tivesse sido acidente, e agora eu não tenho a menor dúvida ... A filha da puta assassinou o meu amor!!!

— Não tivemos culpa nenhuma na morte da Carolina — disse eu.

— Não? — putz, lá vem a maluca outra vez. Aposto que desta vez vou levar um chute no estômago. — Quem é que levou minha filhinha para aquele motel imundo? Não foram vocês, hein??? Não foram vocês? Respondam, seus malditos!!!

— Mas nós não a obrigamos a ir — disse o Pezão.

Cala a boca, Pezão!!! Porra, não provoca a mulher!!!

Tarde demais. A maluca deu um tapa tão forte no Pezão que ele quase caiu sobre mim. Foi por muito pouco.

— Vocês desgraçaram a minha vida — disse a doida. — A morte dela me deixou totalmente perdida. Passei mais tempo em psiquiatras do que na minha própria casa. Tudo culpa de vocês dois, seus filhos da puta!!!

Do nada, o maluco da cicatriz me chutou o saco. Filho da mãe!!!

Após me recuperar do chute, olhei nos olhos do maluco da cicatriz e perguntei:

— E o que você tem a ver com tudo isso? E de quem era aquele pinto que você deixou na privada da pizzaria? Não venha me dizer que era coincidência, pois não pode ser!!!

O maluco ficou me olhando com aquele sorriso irônico nos lábios. Meu, o sorriso do cara consegue ser mais filho da puta do que o sorriso do Pezão. Mil vezes mais. Muito irritante. Eu daria tudo pra dar um soco na cara daquele desgraçado.

— Deixa que eu respondo — disse a maluca. — Ele estava seguindo vocês quatro. Eu o contratei pra isso. Minha Carolina não era para o bico de nenhum de vocês. Minha Carolina era um ser precioso.

— Ser precioso ... sei! — disse Pezão, baixinho.

Mas a maluca ouviu, e deu um pontapé no estômago do Pezão. Doeu até em mim.

— Mas que história é esta de pinto na privada? — perguntou a mãe da Caroline para o maluco.

— Antes de segui-los eu havia feito um outro ... servicinho. Eu ...

— Não estou nem um pouco interessada!!! — disse a maluca. Depois olhou para o Zoinho. — Quem é aquele idiota ali? Ele não faz parte dos meus planos.

— Se quiser, posso dar um jeito nele agora mesmo — disse o maluco.

— Não faça isso! — gritei, reunindo forças não sei de onde. — O cara não tem nada a ver com a história.

— Venha — disse a maluca para o maluco. — Eu trouxe algumas coisinhas para brincarmos com eles.

— Sério? — disse o filho da puta da cicatriz, todo empolgado. 

— O que você acha que eu fiquei fazendo este tempo todo em que fiquei livre?

E a doida varrida soltou uma gargalhada assustadora, parecia uma hiena imitando uma bruxa.

Ambos deixaram o porão. Assim que eles se afastaram, Pezão começou a gritar:

— Alguém aí ajuda a gente!!! Por favor!!! Socorro!!!

— Não adianta, cara — disse eu, vencido. — Se adiantasse alguma coisa, você acha que a filha da puta teria tirado os esparadrapos?

— Sei lá! Não custa nada tentar.

De repente ouvi um estrondo vindo de bem longe.

— Você ouviu também? — perguntei para o Pezão.

— Foi um tiro?

— Acho que sim. O que será que houve?

— Será que alguém veio nos ajudar?

— Mas quem? Ninguém sabe que estamos presos aqui.

— Sei lá. Só sei que aconteceu alguma coisa! — Pezão tomou fôlego e gritou: — Tem alguém aí? Socorro!!! Estamos presos aqui no porão!!!

Logo em seguida ouvi passos correndo na direção do porão. Meu coração disparou. Será a morte para nós três?

— Vocês estão bem? — perguntou uma voz masculina.

E não era a voz da Dona Morte. Era um policial. 

Quase me mijei de tanta felicidade. Eu não conseguia acreditar que aquilo pudesse estar acontecendo. Era bom demais pra ser verdade.

Quando tiraram as cordas de mim, eu senti como se estivesse nascendo outra vez. Foi uma sensação tão boa que nem o melhor sexo da minha vida poderia ser comparado com aquilo. Pode parecer exagero, mas é verdade. Só quem sente a morte de perto entende o que estou lhes contando.

Estávamos tão abobalhados que nos esquecemos de perguntar para os policiais, como eles haviam nos encontrado. E nem precisamos perguntar ... a resposta veio até nós.

— Nando!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! — gritou Isabella, correndo em minha direção. Ela me deu um abraço tão forte que quase me esmagou.

O abraço da Camilla no Zoinho também foi carinhoso, mas nem chegou perto do que a Isabella deu em mim. Deu pena do Pezão, ninguém veio abraçá-lo. Isabella limitou-se a perguntar se estava tudo bem com ele. Pezão fez que sim, balançando a cabeça.

— Elas salvaram as vidas de vocês — disse um policial.

— Mas ... mas ... como? — eu ainda estava meio nervoso.

— Tudo por causa disso aqui — disse Isabella, segurando o meu celular. — E não podemos nos esquecer do amigo de vocês, o gorducho. Foi ele que fez a ligação salvadora.

— Então o Mamute ainda está vivo? — perguntou Zoinho, empolgado.

— Infelizmente não — disse outro policial. — Encontramos o corpo de um rapaz lá no quintal. Acreditamos que seja o amigo de vocês. Ele segurava um telefone celular na mão esquerda.

Zoinho começou a chorar. Confesso que derramei algumas lágrimas também. Porra, não sou de ferro, né? Além disso, o gordo usou seus últimos minutos para salvar nossas vidas. Derrubar algumas lágrimas é o mínimo que posso fazer, não é? Pobre Mamutão, que papai do céu o proteja. Aposto que o céu ficou um pouco mais divertido com aquela bunda gorda lá.

Calma, o final não será tão triste assim ...

Os malucos foram presos.

Ah, e comi a Isabella, finalmente.

Calma, ainda tem mais ... No dia seguinte à nossa primeira transa, voltei à casa das irmãs para pegar o meu celular (Sim, esqueci o bendito lá outra vez. Fazer o quê? Sou desligado mesmo, e daí?) Bom, mas voltando à história ... Chegando lá, Isabella estava sozinha. Amasso vai, amasso vem, é claro que subimos para o quarto e não preciso dizer em detalhes o que fizemos, não é? Foi bem diferente da transa que tivemos no dia anterior, mas até foi boa.

Até aí tudo bem. O problema foi o que aconteceu depois ... putz!!!

Desci a escada para pegar algo na cozinha e ... ???? Adivinha quem entra pela porta da sala? Ela: Isabella. Entenderam o que acabou de acontecer? Sim, caros leitores, eu havia transado com a Camilla, a gêmea. Ela se fez passar pela irmã, e me enganou direitinho. Achei a transa bem diferente mesmo, mas sei lá ... pensei que ela não estivesse num bom dia, só isso.

Meu, a Isabella ficou furiosa comigo, e com a mana também. Vocês não fazem idéia do barraco que ela armou naquele sobrado. Até hoje eu não sei como eu sobrevivi a tantas coisas que ela jogou em cima de mim. A Isabella teve a moral de jogar até um liquidificador. Vocês acreditam? Se eu não fosse ágil, não estaria aqui para contar a história.

E agora ... a parte bizarra da história ...

Para se vingar da irmã, a Isabella fez algo terrível ... Terrível mesmo, algo que eu jamais imaginei que ela fosse capaz de fazer:

Isabella vestiu-se com as roupas da irmã Camilla e foi para o CVV. Como são irmãs idênticas, ninguém notou a diferença. Chegando lá, Isabella começou a atender alguns telefonemas. E vocês sabem muito bem como são estes telefonemas: a grande maioria são de pessoas desesperadas, deprimidas e solitárias.

Bom, não vou entrar em detalhes, mesmo por que eu não sei todos eles. Só posso dizer o seguinte: dos onze telefonemas que a Isabella atendeu, nove pessoas se suicidaram, um comeu o cu do cachorro e o outro jogou o vizinho do décimo segundo andar de um condomínio.

Putz!!! Isso é que é vingança, hein!!!

( FIM )