“Mistério Misterioso”
CapÃtulo 1 – Mais Dúvidas
Rrrrrrrrrrinnnnnng!!! Rrrrrrrrrrriinnnng!!!
Já vai! Já vai, porra!
— Fala, Pezão do caralho.
— Babalu Babaloá. Meu nome é MaurÃcio.
Nãããããããããããão!!! Eu ouvi direito??? Ah, não acredito nisso.
— Puta que pariu!!! — disse eu, apavorado. — Vai começar tudo de novo?
Silêncio.
De repente Pezão caiu na maior gargalhada, tipo uma hiena que acabou de perder a virgindade.
— Peguei você, vacilão!!! — disse ele, ainda à s gargalhadas.
Puta merda. O filho da puta quase me mata de susto, porra!!!
— Pezão.
— Fala. Não, espera aÃ, eu já sei. "Enfia o dedo no cu e assopra!!!". Acertei?
— Não. Eu ia dizer pra assoviar o hino da Coréia, mas tudo bem.
— Fica frio, cara. Aquele lance de Babalu já morreu. Nunca mais quero ouvir falar naquilo. — ouvi ele batendo três vezes em algum objeto de madeira.
— Você não tem noção de como ficou ridÃculo.
— Imagino. Maldito anão filho da puta. Fez uma lavagem cerebral em mim. Você acredita que eu não me recordo de quase nada?
— Sério?
— Sério, cara. Foi como se eu estivesse em transe ou sei lá. As palavras saÃam da minha boca, mas era como se alguém tivesse me guiando por um controle-remoto.
— Vai se foder, Pezão. Não viaja.
— Estou só tentando explicar, seu porra!!!
Silêncio por alguns instantes. Até que eu não resisti e resolvi tirar um sarro ...
— Quer dizer então que você não se lembra do traveco comendo o seu rabo?
— O quê???????????
Acho que o filho da puta deve ter caÃdo do sofá. Ouvi um estrondo pelo telefone.
— Você não lembra? — insisti. — O travecão levou você pro quarto e ...
— Ninguém enfiou nada no meu rabo — disse ele, puto da vida. Aposto que suas veias da testa estão saltando feito cangurus enlouquecidos. — Não tente me fazer de idiota. Posso não me lembrar de alguns detalhes, mas ...
— Você que sabe — falei o mais sério que pude, apesar de estar louco para explodir numa gargalhada histérica. — Se quer esconder isso da sua mente ... tudo bem.
— Não estou escondendo nada de ninguém. Isso que você disse não aconteceu. Não aconteceu, porra!!!
— Fica frio, Pezão, não vou contar nada pra ninguém.
—Â VAI SE FODER !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
E bateu o telefone na minha cara com tanta raiva que deve ter partido o seu aparelho em diversos pedaços.
Nossa!!! Ficou nervosa a menina!!!
Explodi numa gargalhada monumental. Até meus irmãos vieram espiar o que eu estava fazendo.
Aposto que o telefone vai tocar novamente. É só uma questão de ...
Riiiiiiiiiiiiiiiiiiiinnng!!!
Eu não disse? Conheço o filho da puta. Atendi o telefone:
—Â Fala, seu bosta!!!
— Meu, liga o rádio agora!!!
Sua voz havia mudado completamente. De irritado passou a excitado.
— O que houve? — perguntei.
— Liga o rádio, porra!!! E sintoniza a Municipal!!!
E Pezão caiu na gargalhada.
Liguei meu aparelho de som e sintonizei a Rádio Municipal. É uma rádio pirata que tem aqui na minha cidade. Acredite se quiser, é a melhor rádio que temos. Os caras tocam rock o dia todo, e ainda dão oportunidade para as bandas locais mostrarem o seu som. Mas continua sendo pirata, né? Algum dia a casinha deles cai, infelizmente.
— Rápido, Nando! — gritou Pezão. — Antes que acabe a porra da música!!! Você não vai acreditar!!!
Quando aumentei o volume eu realmente não pude acreditar no que estava ouvindo.
Reparem na letra!!! Hahaha ... Parece familiar???
Diga aÃ, camaradinha.
O que é que há?
Cuidado, uma joaninha!
Deixa que eu mato. Pá!
Fala aÃ, sua bicha.
O que é que há?
Se liga, uma lagartixa!
Deixa que eu mato. Pá!
E quando a música ia terminando entrou a voz do locutor. O cara disse que o nome da música era Rock do Maluco, da banda The Fodidos.
É claro que eu quase mijei na cueca quando terminei de ouvir tudo aquilo.
— Meu, o que foi isso??? — disse eu, rindo histericamente, tipo uma hiena arrancando piolho.
— Fizeram uma música para o Pigmeu??? — disse Pezão, rindo tanto quanto eu.
Precisei tomar fôlego pra poder dizer alguma coisa. Eu não conseguia parar de rir.
— Era só o que faltava — respondi, enfim. — Que banda é esta?Â
— Nunca ouvi na minha vida. Mas já virei fã dos caras!
— Com certeza! Eu também! Eles só erraram uma coisa.
— Eu até já sei o que é. O camaradinha não diz lagartixa. Ele diz ...
—Â Largatixa!
E caÃmos na gargalhada outra vez.
Desliguei o telefone, segurando pra não mijar na cueca.
Foi uma pena vocês não terem ouvido a música. É hilária! E os caras da banda mandam bem. Rock de boa qualidade. Chegou a lembrar os Titãs em inÃcio de carreira, quando eles faziam um rock bem mais porrada. Animal!
Anotem o nome da banda: The Fodidos. Aposto que algum dia serão famosos. Meu, já imaginaram a música do camaradinha tocando no Domingão do Faustão???
Hahahaha ... Tem uma joaninha na sua barriga, Faustão! Pá! Oloko, meu!!!
Alegria de pobre dura pouco.
— E agora vamos à s notÃcias de hoje — disse o locutor, com uma voz séria.
Não sei explicar, mas juro pra vocês que os pêlos dos meus braços ficaram arrepiados quando ouvi aquela frase. Tive a nÃtida sensação de que alguma coisa terrÃvel tinha acontecido com um conhecido meu. E o pior de tudo ... senti que a notÃcia iria me afetar diretamente, como um soco no estômago.
Aumentei o volume, com as mãos trêmulas. O locutor começou a ler as notÃcias:
— Um garoto de 11 anos foi encontrado morto no pátio do Orfanato São Lucas, em Taubaté. O menino, conhecido apenas por CaÃque, foi brutalmente assassinado. Os legistas que examinaram o corpo encontraram mais de 20 golpes de um objeto cortante, muito provavelmente um canivete. Nenhuma outra criança do orfanato foi ferida.
CaÃque? CaÃque não é o nome do irmão da Caroline?
Caraaaaaaaaaaaaaaaalho!!!Â
Precisei me sentar. Minhas pernas ficaram moles feito borracha.
E o locutor prosseguiu, dando mais detalhes ...
— ... o crime chocou a cidade. A população exige a prisão imediata do cruel assassino. A polÃcia possui poucas pistas até o momento. Duas testemunhas afirmaram ter visto um homem correndo pelas proximidades do orfanato durante a madrugada. Segundo as testemunhas o homem teria por volta de 1,65 de altura e uma cicatriz na testa.
Desliguei o aparelho de som. Aquilo estava me deixando louco. O garoto assassinado era o irmão da Caroline. Eu não tinha a menor dúvida.
Vinte golpes de canivete? Putz! Senti até uma pontada no peito ao imaginar uma coisa tão cruel e terrÃvel.
Pobre garoto.
Ainda lembro daquela sua ligação apavorada. Colocara o seu na reta em troca de me dar um aviso. E agora ele está morto.
Agora fica a pergunta ... Quem foi o assassino? Será que foi a madrasta? Se foi ela, então quem seria o homem da cicatriz na testa?
E mais uma ... O assassino virá trás de mim?
O guri tinha me dito que eu seria o próximo, não foi?
Perdoem-me, mas preciso ir ao banheiro. A vontade de mijar na cueca passou, em compensação me deu um cagaço!!!!!!!!!
Santa Pixirica.