As Aventuras de Nando & Pezão

“Jovem Cientista”

Capítulo 5 – Sim, Mestre

— O mano vai nos levar com o carro dele. Este papo de Babalu Cósmico deixou ele meio doidão, mas pelo menos ele está bonzinho comigo.

— Bom, resta saber quem é o outro retardado.

— Não é outro; é outra.

— Quem?

— A minha irmã também quer ir.

Putz!!! A viagem promete. Será que a gente volta vivo?

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Por sorte, coincidência ou uma tremenda cagada do destino, fiquei curado do problema estomacal logo no dia seguinte ao telefonema do guri. Uhuuuu!!! Iça!!! Meu, eu não poderia ficar de fora desta, né? Campos do Jordão é tudo de bom. Friozinho. Altas gatas. Edredom. Chocolate quente. Era tudo o que eu precisava.

Acordei super bem disposto, é claro. Passei pela cozinha com um puta sorriso nos lábios. De repente ouvi gargalhadas histéricas vindo da copa. Meus dois irmãos quase se mijavam de tanto rir, apontando os dedos para mim.

— O que foi? — perguntei.

— Nando tá de pinto duro !!! — repetiam os dois fedelhos dos infernos, apontando para a minha bermuda.

E eu realmente estava!

Imediatamente tentei dar uma disfarçada, mas não dava mais tempo. E os dois continuaram rindo feito idiotas. Corri para o banheiro e dei aquela mijada. Tudo bem que foi meio complicado não acertar os azulejos, afinal de contas o Nando Júnior estava mesmo empolgado.

Bom, vocês já devem ter reparado que eu falo pouco dos meus irmãos. E na verdade vocês repararam bem, é isso mesmo. Vão encarar? São dois fedelhos chatos, criançolas ainda. O caçula tem 8 anos e o outro completou 10 anos semana passada. Não tenho saco pra suportá-los. Mas se algum dia eles renderem bons momentos eu prometo citá-los aqui. Por enquanto eles só sabem fuçar e quebrar as minhas coisas. Que raiva!!!!!!!

Calma, Nando, não se irrite. Você acordou de bom humor, lembra? E mais, dizem que acordar de pau duro é bom sinal. Sei lá onde eu li isso, mas se estava escrito deve ser verdade.

Lavei bem as mãos e ... Estão pensando o quê? Sou um cara limpinho, porra!!!

Saí do banheiro e os pirralhos continuavam sentadinhos à mesa. Que bosta. Não vai dar pra tomar meu café sossegado.

Enquanto eu colocava açúcar no meu café vi os dois cochichando e rindo de mim. Não dei bola. Criança é foda, se você dá corda é pior.

Sentei-me com eles. Notei que eles queriam me dizer alguma coisa, mas não paravam de rir.

— O que foi? — eu disse, afinal. — E peguei um pão francês.

André, o caçula, respondeu:

— O Paulinho quer saber se é verdade o que falaram pra ele na escola.

— O que foi que falaram pra você na escola? — perguntei, encarando o Paulinho nos olhos.

Ele ficou me observando e depois de alguns segundos finalmente disse:

— Um amigo meu falou que o nosso pinto cresce quando a gente vira gente grande.

Putz!!! Ninguém merece. Eu sentei pra tomar meu café da manhã e sou obrigado a explicar os mistérios do pênis para meus irmãos caçulas? Ah, fala sério.

— Seu amigo disse a verdade — falei, passando margarina no meu pão.

Meu, vocês não botam fé na cara de alegria que o meu irmão fez. Foi tão engraçado que eu quase me cortei com a faca. No caçula não vi alteração nenhuma. Aí já seria pedir demais, né?

— Mas pra que esta preocupação com o seu pinto?

Ele fez sinal pra eu me aproximar. Quando atendi seu pedido ele me respondeu bem baixinho:

— Meu amigo ouviu dizer que quem tem pinto pequeno não arranja namorada.

Meu, eu quase mijei na cueca quando o fedelho me disse isso. Comecei a rir feito uma hiena com ejaculação precoce.

— Mas eu não entendo — prosseguiu ele.

— E nem é pra entender — falei, dando a primeira mordida no pão. — Você é muito pequeno para estas coisas.

— Por que a gente precisa de um pinto grande pra arranjar namorada? Não entendo.

Porra, cadê a minha mãe pra levar estes fedelhos longe daqui?

— Por que, Nando? — prosseguiu o guri. — Por quê? Por quê?

— Não sei — respondi.

— Sabe sim, você sabe!

— Nem sei.

— Sabe.

— Ele sabe — disse o caçula.

Estão vendo por que eu evito os meus irmãos? Moleques chatos, meu!!!

Resolvi tomar uma medida drástica. Calma, não vou bater nos moleques. Se eu fizer isso minha mãe me mata.

— Cuidado, hein! — falei pra eles, sério.

Os dois ficaram me olhando, curiosos.

— Cuidado por quê? — perguntou Paulinho, o mais velho.

— Porque quem fala e pergunta demais o pinto não cresce.

Ele caiu na gargalhada.

— Mentiroso — disse ele, olhando desconfiado pra mim.

— É sério — falei, fazendo uma cara bem séria.

O guri ficou me olhando, esperando pra ver se eu ia rir ou não. De repente ele disse:

— Meu amigo nunca me disse isso. É mentira sua.

Agora que comecei a zoar eu vou até o final. Comigo é assim.

Olhei sério para o pirralho e falei baixinho pra ele:

— Posso provar que é verdade.

Ele me olhou bem ressabiado, depois respondeu:

— Eu não sou bobo.

Afastei a cadeira um pouco e pedi para os dois guris chegarem mais perto. Ficaram os dois bobocas de frente pra mim.

— O silêncio faz bem para o pinto. Vou provar pra vocês — aí eu apontei para a minha bermuda e disse: — Reparem bem isso aqui.

Os fedelhos ficaram olhando pra minha bermuda. Fechei os olhos e tentei imaginar algo bem excitante. A primeira coisa que me veio à mente foi a professora de bateria do Pezão. Lembram? Se você é cueca eu aposto que se lembra. Aneri!!! Ai que saudade da Aneri ... ui ui ui. Meu, foi instantâneo. Nando Júnior começou a se mexer dentro da bermuda. Em questão de segundos a barraca estava armada. Abri os olhos, olhei para os moleques e disse:

— Estão vendo como ele cresceu rapidinho? Tudo porque eu fiquei em silêncio.

Os moleques ficaram abismados. Eles olhavam pra mim como se eu fosse o novo rei.

— Se eu fechar os olhos e ficar quieto assim como você fez o meu pinto também vai ficar bem grande?

Segurei-me pra não cair na gargalhada, depois respondi:

— Claro. Quanto mais quieto você ficar maior ele será.

— Legal!

E os dois correram para seus quartos. Paz, finalmente. De repente aparece a minha mãe.

— Cadê seus irmãos?

— Saíram correndo por aí.

— O que você fez pra eles, Nando?

— Credo, mãe, não fiz nada. Eu adoro aqueles dois.

— Ah, sei ... sei. Se bobear você não sabe nem os nomes.

Triiiiiiiiiiiiiiiiiimmmmmm!!!!

— O telefone está tocando — disse a mama. — Atende lá, só pode ser pra você mesmo.

— Vou atender lá no meu quarto — e saí fincando da cozinha.

Deve ser o Senhor Babalu Cósmico. Atendi:

— Fala, Babaca Cósmico.

Ouvi uma tremenda gargalhada do outro lado do aparelho.

— Babaca Cósmico!!! — é a voz do pirralho. — Esta foi ótima, Nando!!!

— Gostou, né? Pimenta nos olhos dos outros é refresco.

— Lógico.

— Tudo pronto pra amanhã?

— Tudo. Nando, corre aqui pra casa, você precisa ver isso de perto.

— Ver o quê?

— O mano reuniu o pessoal do grupo dele. Isso aqui está muito engraçado. Mas rir sozinho não tem graça. Corre aqui, cara.

E vocês acham que vou perder a oportunidade de ver isso com os meus próprios olhos??? Troquei-me em dois minutos, peguei a magrela e saí pedalando feito um retardado com pulga nas canelas. Cheguei em tempo recorde.

O pirralho já me esperava no portão.

— Caralho, Nando, você já foi ciclista profissional algum dia?

Só depois que consegui recuperar o fôlego eu respondi:

— Nunca, mas depois de hoje eu vou começar a pensar na idéia.

Entramos e fomos caminhando pelo jardim.

— Meu, você vai rachar o bico — disse o guri.

— Cara, então é sério mesmo? O Pezão entrou para uma seita de verdade?

— Sei lá que porcaria é aquela. Eu só sei que é a coisa mais ridícula que eu já vi na minha vida. Adoraria que a minha mãe chegasse aqui agora e encontrasse o mano com aquele bando de malucos fantasiados.

— Meu, seria hilário.

— Ou trágico.

E caímos na gargalhada.

Entramos sorrateiramente dentro da mansão. Da cozinha já foi possível ouvir um coro de vozes desafinadas cantando uma música que eu nunca ouvi na minha vida. Quero dizer, nem sei se dá pra chamar aquilo de música.

— Estão todos na sala — sussurrou o guri, caminhando à minha frente.

Ao passar pela cozinha eu finalmente entendi porquê o guri me telefonou. Eu precisava mesmo ver aquilo com os meus próprios olhos, caso contrário eu jamais acreditaria.

— Caraaaaaaaaaaaaaaaalho!!! — falei.

Mas falei tão alto que todos pararam de cantar e olharam pra mim. Fiquei vermelho em segundos.

— Desculpa aí, galera — eu disse.

O pirralho olhava pra minha cara e não parava de rir. Eu juro que tentei respeitar, mas não consegui. Caí na gargalhada também.

Recuamos e nos sentamos à mesa da cozinha, rindo feito duas hienas com caxumba.

Meu, vocês também não iriam resistir. Imaginem a cena: Pezão de mãos dadas com um bando de malucos, todos fantasiados com umas túnicas amarelas ridículas, cantando algo parecido com ... "O lá iê iê iá ... Babalu babaloá ... O lá iê iê ia ... Babalu babaloá".

Fala sério. Que o Pezão é maluco todos nós sempre soubemos, mas isso já passou dos limites.

Quando o guri conseguiu parar de rir ele disse:

— Fala a verdade, é muita veadagem aquilo ali!!!

— Meu, fala baixo! — e caí na gargalhada outra vez.

— Estou na minha casa. Se eles não gostarem o azar é deles.

E a música rolando. Incrível como a letra continua sempre a mesma. Está começando a me dar dor de cabeça esta musiquinha dos infernos.

Opa! Finalmente silêncio. A maldita música parou.

— Vamos lá ver o que eles vão fazer agora — disse o pirralho, pulando da cadeira.

Fomos até a porta. Demos de cara com o Pezão, todo sério.

— Por que vocês não foram lá cantar com a gente? — disse ele. — Não precisa ser do grupo para participar da roda.

— Pezão — eu disse. — , chamando pra gente entrar na sua roda, é?

— Já falei que Pezão não existe mais.

— Corta essa, brother!!! Que papo é este de Pezão não existe mais? Olha você aqui, bem na minha frente, porra!!!

— Também já falei pra evitar palavrões na minha presença.

Puta merda!!! Alguém me segura ou vou dar um chute no saco do Pezão. Meu, o cara ficou muito chato!!! Ninguém merece. Cadê o Pezão filho da puta???

O guri entrou na conversa:

— Se a mãe chega aqui e pega aquele monte de mulher com os peitos de fora a gente ...

Espera aí. Eu ouvi direito? Monte de mulher com os peitos de fora? ONDE???

— Onde você está vendo isso, guri? — falei, enquanto procurava alguma.

Pezão saiu da minha frente e ... o guri tinha a razão ... as mulheres do grupo estavam todas com os seios à mostra!!! Meu, como é que eu não vi isso antes???

— Os seios fazem parte do corpo feminino — disse Pezão, calmamente.

— Dããããã!!! — disse o moleque, fazendo aquele típico gesto com o punho batendo na testa. — Claro que fazem parte, seu idiota, mas elas não sabem o que significa sutiã?

— O mestre nos ensinou que este tipo de coisa reprime o nosso Babalu Cósmico.

Eu só conseguia olhar para os peitos da mulherada. Será que é por isso que o Pezão entrou para esta seita? Só pra ver a mulherada com os peitos de fora? Meu, tem umas 7 mulheres no grupo. E pra ser bem honesto, todas lindas, altas e magrinhas. Elas usam uma espécie de saia, da mesma cor das túnicas dos homens, e é só. Os peitos ficam nus. Sério, estou ficando excitado.

— Usar calcinha também reprime o Babalu Cósmico? — perguntei, ainda com os olhos vidrados nas mulheres.

— Sim, principalmente a calcinha.

— Isso quer dizer que elas não estão usando calcinha neste momento?

— É proibido.

Putz!!! Se eu já estava excitado, imaginem agora.

E pra ajudar ... duas garotas do grupo aproximaram-se de nós.

— Cumbuca, — disse uma delas para o Pezão. — estamos com sede.

— Fiquem à vontade — respondeu Pezão, dando passagem para as garotas. — , na geladeira tem água gelada. Sirvam-se. A minha casa é a casa de vocês.

E as duas passaram por nós. Uma tinha os peitos meio caídos, mas a outra ... Santa Pixirica!!! Talvez os seios mais lindos que eu já tenha visto até hoje.

Enquanto as duas abriam a geladeira eu me lembrei de uma coisa que passou despercebido. Olhei para o Pezão e disse:

— Foi impressão minha ou ela te chamou de Cumbuca?

— Sim, é meu nome-símbolo: Cumbuca Rasa.

O guri caiu na gargalhada antes de mim. O moleque quase teve um treco.

— Muito prazer — disse o guri, ainda rindo muito. — , e o meu é Dança com Lobos.

Aí eu não resisti, caí na gargalhada feito uma hiena com rubéola. As duas garotas até se assustaram. Meu, que peitinhos durinhos tem a mina ... Loucura, loucura, loucura!!! Será que dar a bunda também reprime o tal de Babalu Cósmico dos infernos??? Acho que estou a fim da mina dos peitinhos bonitos.

Acho que só consegui parar de rir uns cinco minutos depois. Tudo por causa de um puta susto que eu tomei. De repente eu comecei a ter visões.

Vi um baixinho super esquisito, de cabelos brancos compridos, igual àquele personagem Mestre dos Magos, do desenho animado Caverna do Dragão. Sabem quem é? Então, eu juro que vi o Mestre dos Magos aproximar-se de nós. É sério.

Putz!!! Será que durante o ritual eles estavam cheirando alguma coisa e eu acabei absorvendo?

— Este aqui é o nosso mestre — disse Pezão, apontando para o ...

Caraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaalho!!!

Não era visão porra nenhuma!!! Mas não é possível, o cara é igualzinho o Mestre dos Magos do desenho!!! Não é possível isso!!!

— O que foi, Nando? — perguntou Pezão, olhando assustado pra mim. — Que cara é esta? Parece que viu um fantasma.

Pior que fantasma. O baixinho está me dando nos nervos. Ele olha a gente de uma forma esquisita ... e ainda tem aquele sorrisinho cínico, apavorante.

— Olá, meu amigo — disse o cover do Mestre dos Magos.

Caralho, até a voz é parecida. Mas com um sotaque meio cearense. Sinistro.

— Mestre dos Magos, é você? — perguntou o pirralho, sério.

Eu caí na risada, é claro. O cara é tão parecido com o personagem que até o pirralho percebeu. 

— Quem? — disse o baixinho esquisito.

Aí o pirralho fechou com chave de ouro:

— É verdade que você e o Vingador são a mesma pessoa?

Caralho, o pirralho é foda mesmo. Olha o naipe da pergunta? É claro que o baixinho esquisito boiou, não entendeu porra nenhuma.

— Acho que você está me confundindo com alguém, garoto — disse o baixinho.

— Meu irmão é muito brincalhão, mestre — disse Pezão. — , não dê atenção.

— Brincar é uma coisa muito boa — disse o baixinho. — Nosso Babalu Cósmico fica altamente energizado quando estamos de bom humor.

Resolvi entrar na conversa.

— Mestre, permite-me uma pergunta?

— Claro, meu amigo. Você é o ... ?

— Nando — e cumprimentei o Mestre dos Magos cover. — Prazer em conhecê-lo.

— Faça sua pergunta, Nando.

Olhei na direção das garotas com os seios nus, depois voltei o olhar para o baixinho e perguntei:

— Fazer sexo também faz bem para o Babalu Cósmico?

— Sim, é claro que faz bem.

Uhuuuuuuuuuu!!! Garota dos peitinhos gostosos, aqui vou eu ....

— Mas só depois que a pessoa completa 14.666 dias de vida na Terra — terminou o baixinho.

— Como é que é? — perguntei, perplexo. — E isso equivale a quantos anos?

— Aproximadamente uns 40 anos e alguns meses.

Ah, fala sério!!! Esta seita não está com nada!!! Se eu fosse esperar completar 40 anos de vida pra dar a primeira trepada eu já estaria morto.

— Após os 40 anos o ser humano já tem maturidade suficiente para uma relação carnal. Até lá é impossível que isso aconteça em harmonia com o seu Babalu Cósmico.

Olhei para o Pezão e falei:

— Já contou pro seu mestre que você teve sua primeira relação carnal aos 15 anos?

O baixinho ficou indignado. Precisam ver a cara que ele fez para o Pezão.

— Babalu babaloá!!! Isso é verdade, Cumbuca?

Pezão fez cara de cachorrinho abandonado e balançou a cabeça, dizendo:

— Sim, mestre. Perdoe-me, mestre. Já fui um fornicador. Mereço punição, mestre.

— Sim, punição é o que você terá.

Caralho, o baixinho é uma mistura de Mestre dos Magos com Mestre Yoda? Eu, hein!!! Ele pegou firme no braço do Pezão e o arrastou de volta para a sala, dizendo:

— Precisamos iniciar o seu processo de purificação agora mesmo.

Pezão olhou para mim com cara de poucos amigos. Retribuí o olhar e falei:

— Calma, Cumbuca, a raiva não faz bem para o seu Babalu Cósmico.

O guri quase se mijou todo.

— Você é foda, Nando — disse ele.

— Nem sou, guri. Se eu fosse teria contado pro Mestre Yoda que a primeira relação carnal do seu irmão foi aos 14 anos, e com 3 prostitutas.