As Aventuras de Nando & Pezão

“Jovem Cientista”

Capítulo 3 – Invenção Maldita

— Mas o que foi que você inventou, meu anjo? Agora fiquei super curiosa.

— Você achou a cura pra Aids? — Ok, a minha pergunta foi besta, mas ... vai que é verdade, né? O caçula é foda.

— Não, Nando, ainda não tenho capacidade técnica pra isso. Mas fica frio que há grandes nomes da ciência trabalhando neste assunto. Eu inventei outra coisa.

— Quanto suspense.

— Não é nada assim tãããããããããão espetacular. Não tive muito tempo para criar algo melhor. Mas se ganhou o concurso deve ter alguma utilidade, não é?

— Filho, você está parecendo autor de novela ... Desembucha, logo!!! O que foi que você inventou?

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— Eu acho que inventei o cheiro mais terrível do planeta.

— Como é que é? — eu falei.

Porra, guri, que decepção! Isso aí já foi inventado faz tempo. Até hoje eu me lembro de um peido do Mamute que fez a classe inteira evacuar a escola. Fato verídico.

— Ah, sem brincadeira, fala sério.

O guri olhou sério pra mim e respondeu:

— Eu estou falando sério. Inventei o pior cheiro do universo.

— Mas qual a utilidade disso, filho? — perguntou a mãe do guri.

— Mãe, eu inventei o pior cheiro, mas não foi só isso.

— Ah, então tem outra invenções. Quais?

— Uma bala de goma.

Porra, moleque!!! Bala de goma? Fala sério. Será que ele realmente ficou em primeiro lugar nesta porra de concurso?

— Não entendi nada. — falei. — Você ficou em primeiro lugar por ter inventado o pior cheiro ou por causa da bala de goma?

— Calma, Nando, vocês não me deixaram explicar direito. Uma é complemento da outra. Tipo ... a bala é um antídoto para o cheiro.

— Hã? — a mãe do Pezão fez a mesma cara que eu fiz. Cara de quem não está entendendo porra nenhuma. Acho que o moleque fumou um cigarrinho do capeta junto com o Pigmeu.

— Vocês estão parecendo a Maura, meu!!! Dããããããã!!!

A coroa caiu na gargalhada.

— Filho, você precisa entender que nós não somos gênios feito você, né?

— Mas não precisa ser nenhum gênio pra entender o que eu estou falando. É bem simples. Eu inventei o pior cheiro do mundo, mas inventei o antídoto. Acho melhor eu fazer uma demonstração prática. Esperem só um segundo.

O guri puxou a cadeira em que ele estava sentado e a colocou diante do armário. Abriu uma portinhola e puxou um pote de vidro, fechado, aparentemente vazio. Colocou o pote sobre a cama e fez cara de pensativo.

— Só mais um segundo — disse ele, coçando a cabeça. — , esqueci onde guardei as balas.

— É por isso que seu quarto tem sempre barata, Murilo! Tem sempre uma bala jogada aqui ou ali.

— E daí, mãe? Barata é uma das criaturas mais fascinantes da face da Terra, não sabia?

A cara de nojo que a mãe do Pezão fez foi hilária.

— Credo, meu filho! Fascinante uma ova! Eu acho o bicho mais nojento, isso sim!

Comecei a ficar impaciente.

— Vai mostrar seu invento pra gente ou não?

— Ah, lembrei! — disse ele. E correu em direção ao criado-mudo. Abriu a gaveta e retirou um pacote plástico cheio de balas. — Achei. São estas.

— Eu acho que você está aprontando alguma — eu disse, enquanto piscava para a mãe do Pezão.

Ela achou graça e completou:

— Também acho que você está brincando conosco. Garanto que sua invenção não tem nada a ver com cheiros ou balas. É tapeação isso.

O moleque fez cara séria.

— Estou falando a verdade, mãe! E para provar eu vou fazer uma pequena demonstração.

O guri pegou o pote que estava sobre a cama. Segurou com tanto cuidado que parecia até uma bomba.

— Credo, quanto suspense — falou a coroa.

— Aposto que tem alguma sacanagem — falei, incrédulo.

O guri começou a girar lentamente a tampa do pote.

— Preciso abrir com muito cuidado, pois se eu liberar uma quantidade muito grande o bairro inteiro poderá sofrer os efeitos.

E o guri retirou a tampa lentamente. Ele fez uma careta horrível, mas creio que tudo não passa de uma brincadeira do moleque. Afinal de contas vocês o conhecem muito bem, não é? Este pirralho já aprontou muitas pra cima da gente.

— Ah, Murilo, eu tenho muito mais o que fazer e ... PUTA QUE PARIU!!!!

Meu, a coroa soltou um "puta que pariu" tão alto que eu tomei um susto enorme. Quase caí para trás.

— Eu avisei, mãe.

E quando eu já me preparava pra dizer que tudo aquilo era brincadeira dos dois o cheiro me atingiu como um soco no estômago.

— Caraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaalho!!! — gritei, levando as mãos ao nariz.

— Não adianta colocar as mãos no nariz, Nando. É inútil.

E o filho da puta do guri tinha razão. O bagulho era muito estranho. Mesmo com o nariz totalmente fechado eu ainda conseguia sentir aquele cheiro estranho. Era como se ele penetrasse o meu cérebro e sei lá ... sinistro!!! Meu, nunca senti nada tão terrível na minha vida!!! É como se eu estivesse preso dentro do esgoto com umas 500 pessoas e de repente estas 500 pessoas começassem a peidar ao mesmo tempo.

— Meu, fecha esta porra deste pote!!! — gritei.

Só não me pergunte de onde tirei forças pra fazer isso.

A mãe do Pezão começou a ficar verde.

— Peguem as balas! — gritou o guri, pegando o pacote sobre o criado-mudo.

A mãe do Pezão não conseguiu esperar, saiu correndo para fora do quarto.

— Não adianta, mãe! O cheiro vai junto! Volte aqui e pegue uma bala, rápido!

Ela não lhe deu atenção, continuou correndo.

Eu peguei umas três balas do pacote e joguei na boca, desesperado. Meu estômago estava embrulhando, eu ia vomitar a qualquer momento.

O guri começou a mastigar uma das balas e tentou me tranqüilizar.

— Mastiga com calma que o cheiro vai sumir.

Apesar de estar com as três balas na boca eu corri pra fora do quarto. Eu precisava sair dali urgentemente.

Mastiguei as malditas balas e não senti efeito algum! O que eu faço?

Saí do quarto e vi a mãe do Pezão caída no corredor. Meu, acho que a mulher morreu!!!

— Pirralho, você matou a sua mãe!!! — tentei gritar, mas saiu como um sussurro.

De repente Pezão deixou o seu quarto.

— Puta merda, quem foi o filho da puta que jogou bosta pela casa? — gritou Pezão. — Lá de dentro do meu quarto deu pra sentir um cheiro azedo e ....

Antes que eu pudesse responder alguma coisa Pezão começou a passar mal também.

Apontei pro quarto do guri e sussurrei pro Pezão:

— Corre, pega uma bala com o seu irmão, rápido!

Pezão começou a ficar roxo.

O guri apareceu no corredor. Estava com outro saco de balas nas mãos. Ele tirou uma do saco e jogou pra mim, dizendo:

— Pega aí, esta é a bala certa!!!

— Como é que é? Bala certa??? E a outra era o quê???

Peguei a bala no ar e joguei pra dentro da boca. Meu, o alívio foi quase imediato!

Pezão também pegou uma das balas e sua cor começou a voltar a normal.

Quando o guri viu sua mãe caída no corredor ele quase teve um treco. Pulou por cima do corpo dela, abriu-lhe a boca e colocou uma bala sobre a sua língua.

— Mãe, acorda, mãe!!!

— Que porra aconteceu aqui? — disse Pezão, meio grogue.

E finalmente a mãe do Pezão abriu os olhos. Ufa! Mais um defunto minha vida ia ser foda. Saravá!!!

O guri até chorou de alegria. Deu um abraço na mãe e pediu desculpas umas 10 mil vezes. Pezão olhou pra mim sem entender porra nenhuma.

— O que foi que este nerd dos infernos fez? — perguntou ele.

Ajudamos a mãe do Pezão a se levantar. 

— A senhora está bem? — perguntei.

— Acho que estou. Nem me lembro direito como vim parar aqui no corredor. Tudo o que eu me lembro é daquele cheiro terrível e ... — ela olhou para o guri. — Você quase mata sua mãe, filho!

— Não exagera, mãe. Eu disse que tinha o antídoto.

— Meu, sua mãe tem razão! — falei. — Você pegou a bala errada, poderia ter matado a gente sim!

— Mas alguém pode me explicar que história é esta de bala? Que diabos é isso? E que cheiro horrível foi aquele que eu senti lá dentro do meu quarto? Eu nem tinha peidado nem nada!

Falando em peido ... De repente, do nada, soltei um peido rasgante. Meu cu até ardeu.

— Credo, Nando!!! — disse a mãe do Pezão, afastando-se de mim.

O guri começou a rir feito uma hiena com osteoporose.

— Caralho!!! Fedeu, viu? — gritou o Pezão. — Então foi você o culpado pelo cheiro?

Antes que eu pudesse me defender soltei outro ainda mais rasgante. Senti até uma labareda saindo do meu ânus. Meu, de onde veio isso? O que está acontecendo comigo?

E o guri rindo. Rindo muito. Comecei a desconfiar.

De repente o guri também soltou um rasgante. Aposto que ardeu o rego dele também, pois a cara que o filho da puta fez não foi nada boa.

— Credo, Murilo!!! — disse a mãe do guri. — Isso são modos?

Olhei feio para o moleque e falei:

— Meu, não é o que eu estou pensando que é ... é?

Ele tentou parar de rir, olhou-me de soslaio e respondeu:

— Bom, acho que já descobri qual era a bala que peguei por engano.

Desta vez peidamos juntos. Puta merda. Estamos com FODA?

O guri começou a rolar de rir. Fiquei puto da vida.

— Meu, não ri não, você também chupou uma bala daquela.

— Eu sei — respondeu ele, rindo muito.

— E por que diabos continua rindo???

— Porque eu peguei só uma. Você pegou três.

Santa Pixirica.