As Aventuras de Nando & Pezão

“A Garota dos Cabelos Verdes”

Capítulo 8 – O Busão

O tempo foi passando e o meu amor por Caroline ... não. Maldita mina dos cabelos verdes. Será que foi feitiço? Putz grila.

Depois de dois meses eu já estava até me conformando, mas foi aí que algo mágico aconteceu.

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Eu estava tentando dar uma ajeitada na zona que estava o meu quarto. Meu, vocês não têm noção da bagunça que estava aquilo. Achei até uma camisinha usada debaixo da minha cama. Não sei dizer o que é pior, a bagunça ou não conseguir me lembrar quem foi que eu comi. Além da camisinha achei uma cueca azul que eu não via há anos, achei restos de comida e outras coisas que eu nem quero imaginar o que sejam. Fala sério, as baratas devem amar o meu quarto.

Mas quando decidi arrumar as gavetas aconteceu uma coisa que deveria entrar para a história. Não, isso é pouco, deveria ser decretado feriado nacional. Eu achei dinheiro!!!!!!!! Isso mesmo! Money! Bufunfa! Cascaio! Dindim! Acreditem se quiser, achei 500 reais dentro de uma caixa de sapato. Porra, fala sério, é motivo pra comemoração ou não é? Isso nunca me aconteceu antes e aposto que jamais virá a se repetir. Mas de onde saiu a grana? Depois eu acabei me lembrando, foi quando eu estava juntando pra comprar um PlayStation 2. Só não sei como eu consegui esquecer 500 paus dando sopa.

É claro que a primeira atitude foi meter a grana na carteira e sair pra gastar. Não vai dar pra comprar o PlayStation 2 que eu queria, mas foda-se. Cascaio!!!!!!!

Peguei o primeiro ônibus para o centro da cidade. O busão estava vazio. Paguei, passei pela catraca e fui sentar lá no fundão. Eu estava tão contente. Era a primeira vez que eu me sentia assim desde a morte da Carolina.

Primeira parada do busão e começou entrou uma galera enorme. A porra do busão ia lotar, com certeza. Logo bati os olhos em duas universitárias maravilhosas, ambas vestidinhas de branco. Putz grila, duas futuras doutoras! Sexy, muito sexy. Vamos ver, a sorte parece estar sorrindo novamente para mim, quem sabe elas não sentam bem do meu ladinho, né? Conversa vai, conversa vem, terminamos fazendo um ménage à trois bem gostoso.

Pois é, mas enquanto eu sonhava com o meu Cine Privé a realidade batia na minha cara com um taco de baseball. Uma velha gorda sentou-se bem do meu lado, praticamente esmagando minha perna esquerda.

— Puta que pariu, dona! — saiu sem querer, mas já era tarde. Todo mundo no busão olhou pra trás. Até as universitárias.

— Desculpa, moço — disse a velha — , eu pedi pra você me dar licença, mas você nem me deu atenção.

Claro que não dei atenção, eu estava imaginando os peitinhos das futuras doutoras.

Puta merda, olha só as pernas da velha, parecem sacos de batatas. As varizes da mulher quase me deram boa tarde, pareciam anacondas.

O busão começou a andar novamente e a velha meteu a mão numa sacola. Puta merda, só falta a mulher ser uma terrorista suicida. Aí ela tira um monte de dinamite e manda todo mundo para a casa do caralho. Com a sorte que eu tenho não dá pra duvidar de nada.

— Servido? — disse a velha para mim, quase esfregando um sanduíche de carne na minha cara.

Meu, o cheiro do bagulho estava tão ruim que quase vomitei.

— Não, obrigado.

A velha deu duas mordidas no sanduba e virou a cara pra mim, havia pedaços de carne em sua boca desdentada quando ela me disse isso:

— Tô no batente desde cedo, moço, só agora pude parar pro meu armoço.

Olhei pra velha e não disse nada, só abanei com a cabeça e fiz cara de paisagem.

— Não estou atrapalhando o moço, estou? — prosseguiu ela, após outra mordida feroz no sanduba nojento. A velha possuía poucos dentes, mas mordia o sanduba como uma leoa morde uma zebra abatida.

— Não, senhora.

A vontade que eu tinha era de pegar aquela porra de sanduíche e enfiar pela goela da velha, mas como eu sou um rapaz educado eu fiquei na minha. Enquanto isso as duas futuras doutoras gostosas estavam quatro fileiras à minha frente. Iam conversando felizes, provavelmente comentando sobre a aula que tiveram e já fazendo planos para o final de semana na casa de uma amiga no litoral. Puta merda, eu daria tudo pra estar ali sentadinho entre elas.

— Ai, moço, perdão!!! 

Quando ouvi isso tomei um puta susto. Olhei para os lados e não entendi porque a velha me pedia desculpas. O que esta gorda dos infernos me fez? Foi quando senti a mão da velha roçando pressionando o meu bilau.

— Opa, dona, espera aí!

Olhei pra baixo e finalmente compreendi tudo. A filha da puta havia derrubado molho na minha calça!!! Puta merda, estava uma meleca só!!!

— Deixa que eu limpo, eu limpo! — repetia a velha, enquanto passava a mão sobre a minha calça.

E acreditem se quiser, senti um pequeno ... movimento. De quem? Porra, galera, vocês sabem muito bem de quem! Nando Júnior!

A velha olhou pra mim com uma cara meio sem graça. Depois deu um sorrisinho ridículo com aquela boca toda desdentada.

— Está olhando o que, tia? — falei. — Foi apenas uma reação. Acontece.

E se Nando Júnior possuísse dentes eu aposto que teria arrancado a mão da velha filha da puta. Meu, eu estava sentindo tanto ódio. Ali estava eu, praticamente esmagado por uma velha cheia de varizes, com a calça suja de molho .... e pinto duro. Ninguém merece. Será que posso pedir ajuda para as universitárias?

Puta merda, esta viagem não termina nunca? Sempre foi tão rapidinho chegar ao centro. Vapt-vupt. Mas hoje não, acho que peguei o busão que vai direto para o inferno.

— Servido? — disse a velha, agora me oferecendo suco no copo mais sujo que eu já vi na minha vida.

Não disse nada, apenas mexi a cabeça negativamente.

— Suco de beterraba. — disse a velha, cuspindo na minha cara. — Gostoso, faz bem pra saúde, experimenta!

Juro que pensei em me levantar, mas era praticamente impossível, o busão estava tão lotado que eu nem conseguia enxergar as universitárias gostosas. Talvez elas nem estivessem mais no busão.

O tempo é relativo, foi exatamente nesta viagem que eu aprendi isso. Era impressionante como uma simples corrida de 20 minutos poderia se transformar em horas infernais.

A velha terminou o suco de beterraba sem derrubar em mim, já era alguma coisa a se comemorar. Se bem que a mancha de molho não me dava motivo algum para comemoração. Quando eu saísse do busão seria a maior pagação de mico, eu já ia imaginando as cenas.

De repente o busão parou e uma pequena porção de gente desceu, entre estas pessoas estavam as duas universitárias gostosas. Meu, fala sério, nunca vi duas gatas daquelas andando de busão. Uma era loirinha, parecia a Ellen Roche, pelo menos o nariz era igualzinho. A outra era uma morena lindíssima também, coxas grossas, muito parecida com uma das Mallandrinhas, só não sei o nome.

Quase estiquei minhas mãos para tocar seus cabelos quando passaram bem na minha frente. Por incrível que pareça eu acho que a loira teve a capacidade de ler meus pensamentos, ela deu uma passada de mão nos seus cabelos longos e olhou para mim. Um sorriso! Não acredito, a loira olhou pra mim e sorriu!

— Quer um pedaço?

Claro que quero!!! Não só pedaço, quero você todinha, doutora loira dos meus sonhos mais íntimos!!! Quero você peladinha só pra mim e ...

De repente senti um cheiro de banana nanica.

— Moço, quer um pedaço? — era a maldita velha dos infernos.

E a loira se foi, bem como sua amiguinha morena. O busão partiu e fiquei com a velha comendo banana do meu lado.

Olhei pra velha com olhos satânicos, aposto que com este olhar ela vai se levantar e sumir pra bem longe de mim. Mas não sumiu. Mordeu a banana e olhou pra mim, dizendo:

— Bonono ... foz bom prã saúde.

Sua boca estava tão cheia de banana que a frase saiu exatamente daquela forma.

De repente o motorista deu uma freada brusca e a velha engasgou com aquele monte de banana em sua boca. Foram necessárias três pessoas para ajudar a gorda do caralho. Eu estava entre elas, é claro. Posso ser ruim, mas nem tanto. Por um instante revivi aquele lance da Lu. Parecia replay. Foi um sofrimento pra conseguir desentalar a velha, mas conseguimos. Só teve um probleminha, a filha da puta vomitou as bananas nanicas, o suco de beterraba e o sanduíche de carne. Preciso dizer em quem?

Pois é, eu pensando que meu dia ia terminar num motel com duas universitárias ... e na verdade termino todo vomitado por uma velha gorda dos infernos. Fiquei com um cheiro tão insuportável que todo mundo pulou para a parte da frente do busão. Fiquei isolado na parte de trás.

Dizem que tudo na vida você precisa achar um lado positivo, certo? Bom, vamos ver ... Não, não há lado positivo algum nisso aqui, porra!!!!!!!!!!!!!! Quem inventou esta história de lado positivo deve ser uma bichona do caralho!!!!!!!!!! Lado positivo o escambau!!!!!!!!!! Estou todo vomitado, há pedaços de banana nanica por toda a minha camisa e uma bicha dos infernos vem me dizer que preciso achar lado positivo???? Ah, fala sério!!!!!!!!!!! Lado positivo tem o cu da mãe desta bicha que inventou este negócio de achar lado positivo nas coisas.

Desci do ônibus e nem preciso dizer que a reação das pessoas foi a mais bizarra possível, né? Não tinha uma alma viva que não olhasse pra mim. Algumas com cara de nojo, outras com cara de total espanto, outras riam feito hienas fazendo sexo anal e outras pensavam que era alguma pegadinha do João Kleber. Estas ficavam procurando as câmeras. Só sei que todo mundo parou pra me olhar. Senti-me como uma estrela do rock descendo do avião. A diferença é que não havia milhares de fãs gritando o meu nome.

Eu não sabia onde enfiar a cara. Eu não sabia o que me deixava mais vermelho, a vergonha ou o suco de beterraba que a velha vomitara em mim. Todos que passavam do meu lado se afastavam, o cheiro era insuportável.

Foi então que lembrei do meu celular. Eu tinha que ligar para alguém vir me buscar, não havia a menor condição de permanecer daquele jeito em pleno centro da cidade.

Lasquei a mão no bolso da calça e peguei o maldito celular. O coitado estava mais sujo que pau de galinheiro. Nojento, fedido, e o pior de tudo ... mortinho da silva. Putz!!!

Se eu já estava em pânico ... imaginem agora.

Olhei para os lados e vi um boteco de quinta categoria. Bar do 1000ton era o nome do bagulho. Eu precisava desesperadamente de um lugar para me esconder ou procurar um telefone. Nada melhor do que um lugar que já esteja sujo e que as pessoas já estejam acostumadas com mau cheiro. Nem pensei duas vezes, corri pra lá.

Entrei no boteco e não tinha uma alma viva no lugar. Nem cliente nem funcionários. Ufa, já é alguma coisa. Entrei de fininho e encostei no balcão. Ninguém. Fui entrando cada vez mais, procurando por um banheiro. Foi quando dei de cara com uma mocinha segurando um rodo e um balde cheio de água suja. 

— Nando, é você? — gritou a mocinha, derrubando o rodo e o balde.

A mocinha tinha os cabelos verdes como a camiseta do palmeiras. Sim, era ela, a minha amada Caroline.